Como presidente eleito, Biden devolve sobriedade à diplomacia dos EUA
A diplomacia temperamental e caótica apresentada pelo magnata Donald Trump durante seus quatro anos como presidente dos Estados Unidos ficará no campo das anedotas, quando o experiente Joe Biden assumir a Casa Branca e der às relações exteriores seu selo de sobriedade.
O escritório de transição do democrata não está recebendo colaboração do Departamento de Estado, já que Trump se recusa a reconhecer sua derrota na eleição.
Mesmo assim, o ex-vice-presidente, com quase 50 anos de experiência política em Washington, está determinado a cumprir suas promessas de campanha de restaurar a normalidade da diplomacia americana, recuperando um processo de tomada de decisão bem pensado por meio de consulta a especialistas, em vez de lançar tuítes impulsivos.
Depois que o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau — ridicularizado por Trump no Twitter, como "muito desonesto e fraco", após uma cúpula —, ligou para Biden para parabenizá-lo, o presidente eleito emitiu um comunicado garantindo que ambos "reafirmaram os laços estreitos entre Estados Unidos e Canadá". O democrata também defendeu a cooperação contra covid-19 e futuras ameaças biológicas.
Após sua conversa com Angela Merkel, a quem Trump criticou abertamente por abrigar migrantes, Biden "sinalizou seu interesse em trabalhar em estreita colaboração" com a Alemanha para enfrentar a pandemia, mudança climática e outras questões, enquanto elogiava a "liderança" da chanceler alemã.
O mesmo cenário de cordialidade se desenvolveu após uma comunicação com o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, com quem Trump teria tido uma acalorada discussão em sua primeira semana como presidente.
"Trump gosta de fazer as coisas bilateral e unilateralmente. A grande diferença é que Biden respeita e entende que, às vezes, você tem que trabalhar multilateralmente", diz Monica Duffy Toft, professora de política internacional na Escola Fletcher de Direito e Diplomacia da Tufts University.
Segundo a especialista, a diplomacia de Biden "será menos personalista, menos caótica. Muito mais desenvolvida no protocolo e, obviamente, não por tuítes", acrescentou.
O retorno de Biden a uma diplomacia mais tradicional é mais do que um estilo pessoal. Também indica que você prioriza trabalhar com o mundo, explicou a professora Duffy Toft.
Ela acredita que Biden vai ressuscitar o papel do Departamento de Estado, ridicularizado pelo sempre desconfiado Trump como o "Departamento de Estado Profundo", e que se afastará das relações pessoais e familiares.
É difícil imaginar, por exemplo, os aliados da América limitando o acesso às negociações com Biden por preocupação com vazamentos embaraçosos — algo que a Alemanha teria feito com as ligações de Trump.
Com Biden, "simplesmente não será tão exaustivo", resumiu o ex-presidente Barack Obama, que apoiou a campanha de seu ex-vice e agora presidente eleito.
Biden nem sempre é, no entanto, o oposto de Trump. Assim como o magnata, Biden gosta de falar sobre como cultivou relacionamentos com líderes estrangeiros e fala mais a linguagem do pragmatismo do que a da grande estratégia geopolítica.
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