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Policiais e médicos complicam situação de Chauvin no caso George Floyd

Derek Chauvin, ex-agente da polícia, é acusado de matar George Floyd por sufocamento após ter ficado mais de nove minutos ajoelhado sobre o pescoço da vítima - Reprodução
Derek Chauvin, ex-agente da polícia, é acusado de matar George Floyd por sufocamento após ter ficado mais de nove minutos ajoelhado sobre o pescoço da vítima Imagem: Reprodução

10/04/2021 13h52

Minneapolis, Estados Unidos, 10 Abr 2021 (AFP) - Policiais e médicos especialistas complicaram a situação de Derek Chauvin com seus depoimentos na segunda semana do julgamento contra este ex-policial branco acusado de matar George Floyd ao ajoelhar-se em seu pescoço por mais de nove minutos em maio de 2020, em Minneapolis.

O ex-agente ouviu, sem se alterar, as testemunhas explicarem que o procedimento usado foi "desproporcional" perante a atitude submissa do afro-americano de 46 anos, e contrário ao código policial da cidade, entre outras declarações contrárias aos seus argumentos de defesa.

Medaria Arradondo, chefe da polícia

O chefe da polícia de Minneapolis, Medaria Arradondo, testemunhou na segunda-feira que imobilizar Floyd pelo pescoço, como Chauvin fez, é uma violação da política da instituição.

Essa manobra "não faz parte da nossa política, não faz parte da nossa formação e, certamente, não faz parte da nossa ética ou dos nossos valores", afirmou.

"Pode ser razoável nos primeiros segundos controlá-lo, mas não depois que ele já não exerce qualquer resistência, e especialmente não depois de desmaiar", acrescentou ele.

Jody Stiger, policial e especialista

Jody Stiger, especialista em uso de força da polícia de Los Angeles, disse na quarta-feira que Chauvin usou "força letal" desproporcional no momento em que Floyd "estava de bruços" e não mostrou resistência.

"Um policial só pode usar um nível de força proporcional à gravidade do crime ou ao nível de resistência", ressaltou.

"A pressão causada pelo peso corporal pode causar asfixia posicional, que pode levar à morte", explicou.

O especialista reconheceu que Floyd inicialmente "resistiu ativamente" à prisão, mas que "lentamente parou de resistir".

O agente deveria ter "parado de usar a força".

Martin Tobin, pneumologista

Famoso em sua área na medicina e especialista em respiração, Martin Tobin prestou na quinta-feira um testemunho claro sobre os últimos minutos da vida de Floyd.

Ele morreu por falta de oxigênio enquanto estava deitado de bruços no asfalto, as mãos algemadas e sob a pressão de Chauvin nas costas, pescoço e costelas.

"Floyd morreu de baixo nível de oxigênio", observou.

"Isso causou danos a seu cérebro" e arritmia, um batimento cardíaco irregular, que fez seu 'coração parar'", explicou Tobin.

Andrew Baker, médico forense

O médico forense que realizou a autópsia, Andrew Baker, disse ao tribunal de Minneapolis na sexta-feira que a contenção e compressão da polícia em seu pescoço foram "demais para George Floyd, considerando sua condição cardíaca".

"Seu coração precisava de mais oxigênio" porque suas artérias coronárias se estreitaram, explicou.

O esforço físico e a dor "desencadearam os hormônios do estresse, a adrenalina fez o coração bater mais rápido por mais oxigênio", mas o coração não conseguiu acompanhar e desistiu, ressaltou.

Seus problemas cardíacos (hipertensão, artérias coronárias parcialmente bloqueadas) e o uso de drogas contribuíram para sua morte, mas não são causas "diretas", observou, contradizendo a defesa de Chauvin.