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Irã: enriquecimento de urânio a 60% é resposta a "terrorismo" nuclear de Israel

Rohani afirmou que decisão de seu país de elevar a produção de enriquecimento de urânio a 60% é uma resposta ao "terrorismo" de Israel - AFP/HO/Presidência Iraniana
Rohani afirmou que decisão de seu país de elevar a produção de enriquecimento de urânio a 60% é uma resposta ao "terrorismo" de Israel Imagem: AFP/HO/Presidência Iraniana

Em Teerã

14/04/2021 07h02Atualizada em 14/04/2021 08h05

O presidente do Irã, Hassan Rohani, afirmou hoje que a decisão de seu país de elevar a 60% o enriquecimento de urânio é uma resposta ao "terrorismo" de Israel contra a central de Natanz.

A ativação de centrífugas avançadas e a produção de urânio enriquecido "é a resposta a sua maldade", disse Rohani em uma mensagem dirigida a Israel.

"O que fizeram se chama terrorismo nuclear", afirmou, em referência a uma explosão na madrugada de domingo que deixou sem energia elétrica a principal instalação nuclear do Irã, no centro do país.

"O que nós fazemos é legal", completou.

Israel não confirmou nem desmentiu o envolvimento no ato, mas a rádio pública do país informou que foi uma operação de sabotagem do Mossad (serviço secreto), com base em fontes do serviço de inteligência não identificadas.

Rohani destacou que os organismos de segurança do Irã ainda não apresentaram um relatório definitivo, mas afirmou que o incidente parece "um crime dos sionistas".

O representante do Irã na Agência Internacional de Energia Atômica (OIEA) da ONU, Kazem Gharibabadi, escreveu no Twitter que o país iniciou as medidas preparatórias para permitir o enriquecimento.

"Prevemos acumular o produto (de duas cascatas de centrífugas dedicadas a 60% de urânio) na próxima semana", afirmou.

O anúncio do Irã ontem sobre a intensificação do enriquecimento de urânio complica as negociações em curso em Viena que pretendem salvar o acordo nuclear de 2015 entre Teerã e as potências mundiais, um pacto que o então presidente americano Donald Trump abandonou em 2018.

A decisão iraniana aproximará o país da barreira de 90% de enriquecimento, que permite o uso militar e reduz o tempo para a construção de uma bomba atômica, um objetivo que a República Islâmica sempre negou.

Com base no acordo nuclear, o Irã se comprometeu a manter o enriquecimento em 3,67%, mas em janeiro aumentou o nível a 20%.

Israel promete com frequência que impedirá que o Irã desenvolva uma bomba atômica, o que considera uma ameaça para sua existência.

Além disso, o governo israelense é contrário aos esforços do presidente americano Joe Biden de retomar o que considera um acordo nuclear ruim entre o Irã e os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (mais a Alemanha).

O acordo, negociado quando Biden era vice-presidente de Barack Obama, prometia a Teerã um alívio das sanções em troca de limites para seu programa nuclear.

O governo dos Estados Unidos afirmou ontem que apoia Israel, mas continua comprometido com as negociações sobre o Irã, apesar do plano de enriquecimento.

Rohani disse que Israel pretendia privar o Irã de sua influência nas conversações de Viena. "Eles querem que estejamos de mãos vazias durante as negociações, mas iremos para lá com as mãos ainda mais cheias".

Ele também disse que o Irã ativou centrífugas avançadas e o maior nível de enriquecimento para que Israel "entenda que não pode nos impedir" de usar a tecnologia.

Também prometeu que a atividade nuclear do Irã será "certamente pacífica" e estará sob supervisão da AIEA.

O Irã afirma que precisa do urânio enriquecido para fins médicos e Gharibabadi escreveu no Twitter que o no novo material "melhorará significativamente tanto a qualidade com a quantidade dos produtos radiofarmacêuticos".