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OMS alerta para variante indiana e diplomacia das vacinas

Funcionários removem da UTI o corpo de um paciente que morreu de complicações relacionadas à covid-19 no Holy Family Hospital em Nova Déli, Índia - Danish Siddiqui/Reuters
Funcionários removem da UTI o corpo de um paciente que morreu de complicações relacionadas à covid-19 no Holy Family Hospital em Nova Déli, Índia Imagem: Danish Siddiqui/Reuters

10/05/2021 20h17Atualizada em 10/05/2021 20h35

A OMS noticiou nesta segunda-feira (10) a "preocupante" ameaça da variante do coronavírus surgida na Índia e criticou a diplomacia das vacinas, no momento em que vários países afrouxam as restrições.

"Há informes de que a B.1.617 é mais contagiosa", e portanto, "nós a classificamos como uma variante preocupante em nível mundial", afirmou a doutora Maria Van Kerkhove, responsável técnica da luta contra a covid-19 na OMS, em alusão à cepa indiana.

Ela ressaltou, porém, que faltam muitas pesquisas sobre essa variante, "para saber a quantidade desse vírus que circula" e o grau de "severidade" com que atenua a resposta dos anticorpos.

"Não temos nada que sugira que nossos diagnósticos, medicamentos e vacinas não estejam funcionando. E isso é importante", frisou, insistindo ainda que é preciso continuar a aplicar medidas sanitárias para evitar novos contágios.

Uma vacina com eficácia atenuada não significa necessariamente que não cumpra uma função protetora contra as formas mais graves da covid-19 e previna mortes.

A nova variante poderia explicar, pelo menos em parte, a situação atual na Índia, onde 4.000 pessoas morrem por dia, com um total de quase 250.000 mortes.

O país, o maior produtor mundial de vacinas, administrou até agora duas doses para apenas 2% de sua população de mais de 1,3 bilhão.

Diplomacia das vacinas

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, declarou que "a única opção que temos para acabar com esta pandemia é a cooperação", quando questionado pela imprensa sobre as práticas de alguns países como a China ou a Rússia que dão aos países acesso às vacinas que faltam, mas em troca de uma compensação.

"Diplomacia de vacinas não é cooperação, é manobra geopolítica", afirmou. "Não podemos vencer este vírus competindo, se competirmos por recursos ou por uma vantagem geopolítica, é o vírus que tira vantagem", insistiu.

Honduras anunciou que El Salvador o ajudará na compra de vacinas anticovid da China, já que o primeiro não tem relações diplomáticas com a China e reconhece Taiwan, considerada uma província rebelde por Pequim.

Desde seu surgimento no final de 2019 na China, o coronavírus deixa um rastro de mais de 158 milhões de infecções e quase 3,3 milhões de mortes.

No entanto, as campanhas de vacinação estão ganhando impulso e começando a dar sinais de eficácia. Vários países estão reabrindo suas economias e retirando as restrições, ou estão se preparando para fazê-lo.

"Lágrimas de felicidade"

A cidadela inca de Machu Picchu, joia do turismo no Peru, anunciou que passará a receber 40% da capacidade de visitantes permitida antes da pandemia, devido à diminuição dos casos por covid-19 no país.

O Reino Unido reabrirá, a partir de 17 de maio, restaurantes, museus e cinemas, assim como reuniões familiares limitadas, ao mesmo tempo que autorizará, com "prudência", abraços.

Também serão liberadas viagens ao exterior para turismo, embora poucos destinos estejam isentos da quarentena de dez dias no retorno.

No domingo, a Espanha suspendeu o estado de emergência de saúde imposto em outubro e os moradores puderam deixar sua região ou se encontrar na rua à noite.

A medida foi celebrada à meia-noite em várias cidades com gritos, aplausos e música, mas perante os casos de desrespeito às medidas de distanciamento, as autoridades apelaram à "responsabilidade" e alertaram que o fim do estado de emergência não implica o fim das restrições.

Em Milão, no norte da Itália, o famoso teatro La Scala reabriu ao público nesta segunda-feira.

"Estou seguro de que com o retorno dos espectadores ao Scala haverá lágrimas de felicidade", disse seu diretor, o francês Dominique Meyer.

Enquanto isso, a ilha mediterrânea de Chipre reabriu suas fronteiras para turistas vacinados de 65 países, enquanto na Grécia todas as escolas reabriram após seis meses de fechamento.

Após longos meses de confinamento, a Irlanda também alivia as medidas, permitindo viagens dentro do país e a reabertura de negócios não essenciais, mediante agendamento.

Nos Estados Unidos, onde a vacinação avança em um ritmo muito bom, a capital Washington suspenderá a maioria das restrições em 21 de maio, quando museus, zoológicos, lojas e locais de culto poderão reabrir suas portas.

E, a partir do dia 11 de junho, "poderemos aumentar a atividade de forma total", disse a prefeitura da capital norte-americana, referindo-se a bares, boates, grandes casas de espetáculo e estádios.

Em Nova York, as pessoas poderão se inocular com a vacina de dose única da Johnson & Johnson, a partir de quarta-feira, em seis estações de metrô designadas em um plano piloto, disse o governador Andrew Cuomo, afirmando que busca "aumentar a taxa de vacinação".

Dúvidas, atrasos e ações judiciais

A União Europeia ainda não renovou seu contrato com a AstraZeneca para depois de junho, disse o comissário europeu Thierry Breton, que não esclareceu se isso implica que o bloco deixará de usar esse imunizador.

A vacina da AstraZeneca sofreu graves atrasos na entrega que levaram a UE a entrar com uma ação legal contra o laboratório sueco-britânico.

Uma missão da Agência Europeia de Medicamentos viajou à Rússia para inspecionar locais de produção da vacina Sputnik V, ainda não autorizada na UE, apesar de a Hungria já ter começado a usá-la.

Enquanto isso, o laboratório alemão BioNTech disse que não é necessário alterar a fórmula de sua vacina desenvolvida com a americana Pfizer diante das variantes do vírus.

Nos Estados Unidos, as autoridades aprovaram esta vacina para adolescentes entre 12 e 15 anos.