ONG acusa de governo libanês de 'negligência criminosa' por explosão em Beirute
A ONG de Direitos Humanos Human Rights Watch (HRW) acusou as autoridades libanesas hoje de negligência criminosa, violação do direito à vida e bloqueio da investigação local sobre a devastadora explosão em 4 de agosto de 2020 no porto de Beirute.
A ONG recomenda a criação de uma missão de investigação independente da ONU e sanções internacionais contra autoridades libanesas.
A gigantesca explosão de 4 de agosto de 2020, que deixou 214 mortos e mais de 6.500 feridos, foi causada por um incêndio em um depósito que armazenava várias centenas de toneladas de amônio desde 2014. Um ano após a tragédia, nenhum responsável foi levado à Justiça.
Em um relatório de 126 páginas, a ONG documentou as inúmeras violações por parte das autoridades políticas e de segurança do país na gestão desse depósito de materiais perigosos, desde sua chegada ao porto em 2013 até sua explosão.
Dezenas de funcionários do governo, da alfândega e da segurança local que estavam cientes dos perigos que corriam, de acordo com a ONG, estão identificados nesse documento.
"Várias autoridades (...) demonstraram negligência criminosa, segundo a lei libanesa, na gestão do carregamento", resume o relatório da HRW, que se baseia em várias entrevistas e centenas de documentos de correspondência oficial, alguns dos quais nunca foram tornados públicos.
"As provas sugerem fortemente que algumas autoridades do governo estavam cientes do risco de morte que a presença de nitrato de amônio poderia causar e, tacitamente, aceitaram esse risco", lamenta a HRW.
A ONG recomenda sanções contra o conjunto dos indivíduos e entidades "envolvidos nestas violações contínuas dos direitos humanos (...) e nos esforços para sabotar" a investigação local.
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