MP da Bolívia afirma que comunicado eleitoral da OEA é tendencioso
La Paz, 10 Ago 2021 (AFP) - O Ministério Público da Bolívia qualificou nesta terça-feira (10) como "político e parcial" o comunicado da Secretaria-Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) que ratificou sua visão de que houve fraude nas eleições presidenciais de 2019.
"O Ministério Público não fará referência a nenhum pronunciamento ou documento de natureza política e tendenciosa", criticou em entrevista coletiva o secretário-geral do Ministério Público, Edwin Quispe.
A Secretaria para o Fortalecimento da Democracia da OEA afirmou na segunda-feira que "reitera as conclusões da análise de integridade eleitoral de 2019 na Bolívia" sobre "uma manipulação maliciosa".
O relatório de auditoria de 2019 apoiou a versão de opositores que denunciaram que o então presidente, o esquerdista Evo Morales, no poder desde 2006, foi o responsável pelas irregularidades para permanecer no poder até 2025.
Esse escritório da OEA também questionou na segunda-feira um relatório da Fundação Geral da Universidade de Salamanca que descartou a manipulação de votos em 2019 a favor de Morales.
O estudo foi utilizado pelo Ministério Público para encerrar uma investigação sobre fraude eleitoral que visou ao ex-líder indígena.
Quispe foi direto ao expressar a posição do Ministério Público: "Vamos ser claros, para o Ministério Público essa é uma questão resolvida e não vamos entrar no debate com ninguém".
As eleições de outubro de 2019 desencadearam violentos protestos da oposição na Bolívia que deixaram 35 mortos, de acordo com a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), enquanto o partido no poder disse que tudo fazia parte de uma estratégia de "golpe".
Em meio a protestos de rua, militares e policiais retiraram seu apoio a Morales e o mandatário teve que renunciar em novembro do mesmo ano, para partir para o México como exilado.
O Ministério Público acusa a oposição de direita e de centro de cometer um golpe e prendeu a ex-presidente interina, Jeanine Áñez, que sucedeu Morales, em março passado.
O governo afirma ainda que a Igreja Católica, a União Européia (UE), a OEA e os governos do argentino Mauricio Macri e do equatoriano Lenín Moreno participaram do complô para tirar Morales do poder.
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