Costa Rica concede refúgio para jornalista cubana impedida de retornar à ilha
A jornalista cubana Karla Pérez, radicada na Costa Rica, recebeu o status de refugiada, depois que as autoridades de seu país a impediram de retornar para a ilha em março de 2021, quando voltava de seus estudos em San José.
"A Costa Rica me permite ter um espaço ao qual pertencer e me desenvolver e, por esse gesto, sempre estarei em dívida. Mas também sinto saudades, sinto há quase cinco anos, não posso abraçar a minha família por culpa da ditadura cubana", disse a jovem de 23 anos à AFP.
Ela contou que em março de 2017 foi expulsa da Universidade Las Villas, na província cubana de Villa Clara, acusada de fazer parte de uma organização política "contrarrevolucionária", ao escrever em um blog crítico ao governo comunista.
Naquele ano, ela partiu para a Costa Rica para retomar seus estudos em jornalismo. Enquanto estudava, Pérez foi estagiária no jornal El Mundo de Costa Rica, onde agora trabalha. Ela explicou que também é editora no portal ADN Cuba, crítico do governante Partido Comunista (PCC, único).
O exercício do jornalismo local fora de veículos do governo não tem reconhecimento legal em Cuba.
Depois de concluir os estudos na Costa Rica e do vencimento de seu visto, Pérez decidiu voltar para o seu país natal em 18 de março de 2021. No entanto, durante uma escala no Panamá, foi informada que não podia embarcar no voo para Havana.
Ela conta que nunca recebeu um aviso formal e que a única informação que teve veio de uma coletiva de imprensa do Ministério das Relações Exteriores (Minrex) de Cuba no dia seguinte, informando sobre seu "exílio".
A diretora de comunicação da ministério cubano, Yaira Jiménez, vinculou Pérez a grupos opositores cubanos radicados em Miami.
Jiménez afirmou que o ADN Cuba - o portal para o qual Pérez colabora - é apoiado pela Fundação Nacional para a Democracia (NED), "uma agência financiada pelos Estados Unidos".
"Em um só dia, as coisas mudaram muito e ninguém pôde impedir essa decisão; não tem mais como revogá-la", considerou Pérez.
"Vou continuar lutando pela liberdade do meu país na minha trincheira, que é o jornalismo", afirmou.
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