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'Badri 313': Saiba como é a unidade de elite dos talibãs no Afeganistão

Militares da "Badri 313", unidade integrada das forças especiais e de elite do Talibã, em Cabul, no Afeganistão - Reprodução/Twitter
Militares da "Badri 313", unidade integrada das forças especiais e de elite do Talibã, em Cabul, no Afeganistão Imagem: Reprodução/Twitter

Da AFP

25/08/2021 09h37Atualizada em 25/08/2021 12h58

Sua imagem tem pouca relação com a dos combatentes talibãs com turbante e sentados em caminhonetes. A unidade "Badri 313", componente das forças especiais dos fundamentalistas, é um símbolo de sofisticação do novo regime.

Em imagens divulgadas nas redes sociais pelos islamitas, aparecem soldados com uniforme completo moderno: armas de guerra, capacete e colete à prova de balas, balaclava, óculos de visão noturna e rádio tático.

São os militares da "Badri 313", unidade integrada a outras forças especiais do novo regime. O nome procede da batalha de Badr, há 1.400 anos, durante a qual o profeta venceu com apenas 313 soldados.

Embora, provavelmente, não seja equivalente às forças especiais ocidentais, seus membros são "mais eficazes que os 'talibãs tradicionais' e, certamente, mais que as tropas do Exército nacional afegão nas últimas semanas", explica com ironia um especialista em armas, que se identifica como "Calibre Obscura" no Twitter.

"Propaganda"

"Eles foram usados na campanha contra o grupo Estado Islâmico entre 2017 e 2020", diz à AFP. "Historicamente, atuam contra os mais duros de combater", completou.

De acordo com o especialista, assim como para a revista especializada Jane's, a unidade teria milhares de agentes, no máximo. Reúne, "provavelmente, alguns combatentes com melhor formação e mais bem equipados do Afeganistão", afirma o diretor da editoria de terrorismo e insurreição da Jane's, Matt Henman.

"Podemos pensar que há um pouco de sensacionalismo na propaganda a respeito da unidade, mas é bastante provável que o Paquistão tenha fornecido no mínimo um embrião de formação", acrescentou.

Símbolos de uma área militar que os talibãs não tinham há 20 anos, os membros da "Badri 313" "demonstraram sua eficácia no campo de batalha", afirma Bill Roggio, chefe de redação do Long War Journal (LWJ), revista americana especializada na guerra contra o terrorismo.

"Conseguimos observar durante a ofensiva final, desde maio, que as forças especiais dos talibãs foram centrais na tomada do Afeganistão", acrescenta, sem descartar, no entanto, um possível exagero dos fatos.

A unidade é responsável pela segurança nos arredores do aeroporto de Cabul, ante as forças americanas.

Rede Haqqani

A unidade inclusive fez uma piada ao divulgar uma imagem de seus soldados posicionando a bandeira branca dos talibãs, em uma recriação da famosa fotografia dos combatentes americanos na batalha de Iwo Jima, no Japão, durante a Segunda Guerra Mundial.

Além da eficácia operacional, a unidade "Badri 313" é objeto de poderosos interesses políticos.

A unidade está muito vinculada à rede Haqqani, uma organização considerada terrorista pelo governo dos Estados Unidos, mas que tem um peso importante entre os talibãs. Dois de seus representantes acompanham em Cabul as negociações sobre o novo governo.

A unidade 313 representa "a combinação do treinamento militar dos talibãs durante anos e os esforços da rede Haqqani para profissionalizar a instituição militar afegã", destaca Bill Roggio.

Seu papel deve continuar central no regime.

A "Badri 313" é "um símbolo da sofisticação dos talibãs e de seu compromisso para chegar a seus objetivos", considera Calibre Obscura.

Ela é, sobretudo, reflexo do progresso na área militar. O país está em guerra há quatro décadas e aprendeu muito desde a invasão soviética de 1979.

"Vemos uma profissionalização notável dos talibãs desde meados da década de 2000", confirma Gilles Dorronsoro, professor de Ciência Política na Universidade Paris 1.

"A guerra que travam não é, em nada, igual a que seus pais lutaram contra os russos. Aprenderam no campo de batalha e são muito bons no nível técnico", completa.