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Talibã está sob pressão para garantir segurança após atentando em Cabul

Ataque que causou pelo menos 108 mortes, incluindo 13 militares americanos, é um 1º teste para o Talibã - Marcus Yam/Los Angeles Times via Getty Images
Ataque que causou pelo menos 108 mortes, incluindo 13 militares americanos, é um 1º teste para o Talibã Imagem: Marcus Yam/Los Angeles Times via Getty Images

27/08/2021 14h58Atualizada em 27/08/2021 15h27

O ataque suicida de quinta-feira nos arredores do aeroporto de Cabul, reivindicado pelo grupo Estado Islâmico, coloca à prova o novo regime do Talibã, que sempre afirmou que sua liderança traria segurança ao Afeganistão após décadas de guerra.

O ataque, que causou pelo menos 108 mortes, incluindo 13 militares americanos, é um primeiro teste para o Talibã, que assumiu o poder após tomar a capital Cabul, em 15 de agosto.

"Os atentados de ontem à noite (quinta-feira) mostraram mais uma vez que nenhum grupo pode pretender monopolizar a violência no Afeganistão, nem ter o monopólio para garantir a segurança" do país, diz Abdul Basit, pesquisador da Escola de Estudos Internacionais S. Rajaratnam de Singapura.

No entanto, o porta-voz do Talibã, Bilal Karimi, disse à AFP após o ataque que o grupo do Estado Islâmico "será derrotado".

O Talibã adotou uma política de libertação de prisioneiros durante sua campanha militar, enquanto se apoderava das capitais provinciais e controlavam as prisões.

Não apenas os talibãs presos — que engrossaram as fileiras dos insurgentes rumo a Cabul — foram libertados, mas também muitos outros jihadistas, que conseguiram se juntar às fileiras do grupo Estado Islâmico do Khorasan (EI-K), um braço do grupo jihadista que opera no Afeganistão há anos e assumiu a responsabilidade pelo ataque no aeroporto de Cabul.

Inimigos

Vindo de diferentes ramos do jihadismo mais radical, os dois grupos, o Talibã e o EI-K, são inimigos e há anos organizam confrontos sangrentos no Afeganistão.

Antes do atentado ao aeroporto de Cabul, o Talibã não reconheceu seu erro ao abrir indiscriminadamente as prisões, em vez disso culpou o ex-presidente Ashraf Ghani, que fugiu do país no mesmo dia em que Cabul foi tomada.

"Temos que ter cuidado porque os presos do Daesh (sigla para EI) fugiram das prisões e estão se escondendo, depois que funcionários do governo de Cabul deixaram seus cargos", disse o porta-voz do Talibã Suhail Shaheen ao jornal paquistanês Geo News.

Shaheen também afirmou que os talibãs estavam cientes de relatos de uma ameaça terrorista iminente, que de acordo com governos ocidentais poderia vir do EI e ter como alvo - como aconteceu — o aeroporto de Cabul, onde milhares de afegãos estão tentando desesperadamente fugir do aeroporto do país.

Nosso departamento de inteligência e nossas forças de segurança permanecem ativos para evitar incidentes que possam causar perdas humanas.
Suhail Shaheen, porta-voz do Talibã

Responsabilizar os EUA

O Talibã também responsabilizou os Estados Unidos, alegando que a segurança na área onde ocorreram as explosões era controlada pelas forças americanas.

Os combatentes do Talibã continuam a manter controles rígidos nos acessos ao aeroporto de Cabul, mas há um espaço pouco controlado que os separa das tropas americanas, que vigiam os portões do terminal.

"Os postos de controle do Talibã na cidade não conseguiram impedir os perpetradores do ataque perto do aeroporto de Cabul", disse Nishank Motwani, analista afegão baseado na Austrália.