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Cabul: 105 mil americanos e 14 mil britânicos já deixaram Afeganistão

20.ago.2021 - Fuzileiros navais dos EUA e civis durante uma evacuação no Aeroporto Internacional Hamid Karzai, em Cabul, Afeganistão - AFP/Nicholas Guevara/US Marine Corps
20.ago.2021 - Fuzileiros navais dos EUA e civis durante uma evacuação no Aeroporto Internacional Hamid Karzai, em Cabul, Afeganistão Imagem: AFP/Nicholas Guevara/US Marine Corps

Colaboração para o UOL

27/08/2021 08h26

Dados da Casa Branca dos Estados Unidos estimam que 100 mil cidadãos norte-americanos conseguiram deixar o Afeganistão. Com o resgate feito ontem à noite, o governo dos EUA subiu esse número em mais 5 mil pessoas, ou seja, 105 mil fugiram do país desde 14 de agosto.

Já o Ministério da Defesa do Reino Unido atualizou a quantidade de cidadãos que saíram do país para 14 mil, também desde o meio de agosto.

Entretanto, os resgates do Reino Unido estão cada vez menos frequentes, porque o país está se preparando para deixar o Afeganistão de vez no dia 31. Essa foi a data limite estipulada pelo Talibã para que as tropas e nações ocidentais saíssem do território tomado pelo grupo.

A organização extremista ascendeu ao poder em meados de agosto e tomou a capital afegã Cabul. A ação foi feita dias depois das tropas norte-americanas começarem a deixar o país, movimento que foi seguido por outras regiões ocidentais, como Reino Unido.

Atentado no aeroporto

Ontem, pelo menos 108 pessoas morreram, dentre elas 13 militares dos EUA, e 160 ficaram feridas em ataques feitos nos arredores do aeroporto de Cabul. O atentado foi reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico.

Vídeos divulgados nas redes sociais mostram o pânico: dezenas de vítimas, mortas ou feridas, deitadas nas águas sujas de um canal de drenagem e cercadas por socorridas à beira do colapso. Homens, mulheres e crianças correram em todas as direções, apavorados, para tentar fugir do local das explosões.

O governo dos Estados Unidos explicou que os ataques de quinta-feira foram executados por dois homens-bomba do grupo extremista e que também aconteceu um tiroteio. O presidente Joe Biden disse que o país não perdoará e não esquecerá o ocorrido ontem.

O atentado, que provocou uma condenação mundial unânime, também confirmou os temores expressados por vários países ocidentais, que haviam recomendado a seus cidadãos que se afastassem do aeroporto.

O Talibã, por meio do porta-voz Zabihullah Mujahid, condenou de maneira veemente o ataque, mas afirmou que "aconteceu em uma área onde as forças americanas são responsáveis pela segurança".

O aeroporto de Cabul se tornou um ponto de muito movimento com a tomada do poder pelo Talibã. Isso porque cidadãos, diplomatas, jornalistas e ativistas de direitos humanos tentavam escapar o mais rápido possível do país por medo de retaliações do grupo extremista.

Talibã x Estado Islâmico

Sob o nome de EI-K (Estado Islâmico Khorasan), o grupo extremista reivindicou alguns dos ataques mais violentos executados no Afeganistão nos últimos anos, que deixaram dezenas de mortos, especialmente entre os muçulmanos xiitas.

Embora os dois grupos sejam sunitas radicais, EI e o Talibã são inimigos e expressam um ódio visceral mútuo.

Quando Estados Unidos e os talibãs assinaram em 2020 um acordo para estabelecer as diretrizes da retirada das tropas estrangeiras, o EI os acusou de abandonar a causa jihadista.