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Coreia do Norte lança projétil no mar e defende direito de testar armamento

Um porta-voz do ministro da Defesa do Japão indicou que o projétil "assemelhava-se a um míssil balístico" - Korean Central News Agency via Reuters
Um porta-voz do ministro da Defesa do Japão indicou que o projétil "assemelhava-se a um míssil balístico" Imagem: Korean Central News Agency via Reuters

28/09/2021 14h11Atualizada em 28/09/2021 15h11

A Coreia do Norte lançou um "projétil não identificado" no mar, em frente a sua costa oriental, informou nesta terça-feira (28) o Exército sul-coreano, enquanto o representante de Pyongyang na ONU defendeu o direito do país de desenvolver um armamento próprio.

O Estado-Maior da Coreia do Sul não divulgou detalhes do caso. Um porta-voz do ministro japonês da Defesa indicou à AFP que o projétil "assemelhava-se a um míssil balístico".

O lançamento é o episódio mais recente de uma série de mensagens cruzadas entre as duas Coreias, que, por um lado, impulsionam sua corrida militar e, por outro, mencionam um possível diálogo.

Pouco após a notificação do disparo, o embaixador norte-coreano defendeu na Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova York, o direito de seu país de testar sua tecnologia de defesa. "Nós apenas estamos construindo nossa defesa nacional para nos proteger e salvaguardar de forma confiável a segurança e a paz do país", disse Kim Song.

No entanto, Washington afirmou ontem que "condena" o aparente lançamento do míssil e instou Pyongyang a dialogar.

"Os Estados Unidos condenam o lançamento do míssil da RPDC", declarou o Departamento de Estado em um comunicado, referindo-se à República Popular Democrática da Coreia.

"Este lançamento viola várias resoluções do Conselho de Segurança da ONU e representa uma ameaça para os vizinhos da RPDC e a comunidade internacional. Continuamos comprometidos com um enfoque diplomático com a RPDC e apelamos ao diálogo", acrescentou.

A França denunciou disparos que representam "uma ameaça à paz e segurança", enquanto o Reino Unido pediu aos líderes norte-coreanos que "voltem ao diálogo".

Sujeito a sanções internacionais por seu programa de armamento nuclear, o Norte realizou vários testes balísticos este mês, inclusive com mísseis de cruzeiro de longo alcance.

O Sul, por sua vez, anunciou nos últimos dias que testou com sucesso, pela primeira vez, mísseis disparados de um submarino, uma tecnologia avançada disponível apenas em alguns poucos países.

Nesta terça-feira, a Coreia do Sul lançou o seu terceiro míssil a partir de um submarino, em um novo sinal de como investe bilhões de dólares para fortalecer sua capacidade militar.

Após uma reunião de emergência, o Comitê de Segurança Nacional de Seul emitiu um comunicado nesta terça-feira em que lamenta o lançamento de Pyongyang "em um momento crítico na estabilidade política da península da Coreia".

Propostas de diálogo

Mas também surgiram sinais de distensão.

Dois dias atrás, Kim Yo Jong, irmã e assessora influente do líder norte-coreano, Kim Jong Un, evocou a possibilidade de uma cúpula intercoreana, mas só se garantir o "respeito mútuo" e a "imparcialidade".

Também criticou a "dupla moral" da Coreia do Sul e dos Estados Unidos, que criticam os testes norte-coreanos enquanto eles desenvolvem suas próprias capacidades militares.

O presidente sul-coreano, Moon Jae-in, ao qual restam poucos meses no cargo, reiterou seus chamados para um fim oficial à guerra da Coreia (1950-1953).

O conflito nesta península do nordeste asiático terminou com uma trégua, mas nunca chegou a ser assinado um tratado de paz. Portanto, os dois países continuam tecnicamente em guerra desde então.

"Parece que a Coreia do Norte quer ver o quão genuína Seul é a respeito da sua vontade de melhorar a relação entre os dois países e de encerrar oficialmente a guerra da Coreia", observou o professor Yang Moo-jin, da Universidade de Estudos Norte-Coreanos.

"Pyongyang vai monitorar e estudar a reação de Moon após o lançamento de hoje e decidir o que quer fazer", completou.

A comunicação entre as duas Coreias foi interrompida em grande medida depois de uma segunda cúpula entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte em Hanói, que fracassou em fevereiro de 2019, já que o então presidente Donald Trump e Kim Jong Un não puderam entrar em um consenso sobre os termos de um acordo.