Macri comparece à Justiça argentina para responder à acusação de espionagem
O ex-presidente argentino Mauricio Macri comparece pela primeira vez à Justiça hoje para prestar uma declaração indagatória em um caso por suspeita de espionagem de familiares dos 44 tripulantes mortos no naufrágio de um submarino militar em 2017, durante o governo dele.
Macri, de 62 anos, é esperado ao 12h local (mesmo horário em Brasília) no tribunal de Dolores, 200 km ao sul de Buenos Aires. Ele faltou às duas intimações anteriores: a primeira, por estar no exterior; e a segunda, por ter solicitado o impedimento do juiz Martín Bava.
Simpatizantes de Macri organizaram uma caravana que o acompanhará à corte, em uma demonstração de apoio que acontecerá em meio à campanha eleitoral para as eleições parlamentares de meio de mandato marcadas para 14 de novembro.
Nelas, a coalizão de centro-direita de Macri, Juntos pela Mudança, espera obter uma votação significativa.
'Por que nos espionaram?'
O submarino "ARA San Juan" da Marinha Argentina, um TR-1700 de fabricação alemã com 66 metros de comprimento, desapareceu em novembro de 2017 com 44 pessoas a bordo, quando patrulhava as águas argentinas.
O navio foi encontrado um ano depois, a 900 metros de profundidade, com a ajuda de marinhas de outros países.
A denúncia sustenta que os familiares dos soldados mortos no naufrágio do "ARA San Juan" foram alvo de escutas telefônicas e de outras interceptações durante o ano em que tentavam descobrir o que aconteceu.
"Esperamos que Macri cumpra a lei e se apresente como cabe e que, em vez de tentar uma defesa absurda, nos diga a verdade sobre quais foram os motivos para nos espionar ilegalmente", disse à AFP Luis Tagliapietra, pai de um dos marinheiros e advogado demandante neste caso.
'Falsas acusações'
Macri diz que se trata de "falsas acusações" e tentou recusar o juiz, uma medida que foi rejeitada pela Câmara Federal de Mar del Plata ontem.
Em um tenso clima político, a Câmara Federal pediu ao juiz moderação nas expressões, pelo "possível impacto social" de um caso com "repercussão midiática e institucional", devido ao posto de ex-presidente de Macri (2015-2019).
Já estão sendo processados, neste caso, os então chefes dos serviços de Inteligência, Gustavo Arribas e Silvia Majdalani.
O ex-presidente foi processado em 2010 por grampear ilegalmente um parente e vários adversários, quando era prefeito de Buenos Aires (2007-2015). O caso foi arquivado logo depois que ele assumiu a presidência, em 2015.
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