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Humilhação de supostos infratores de restrições gera críticas na China

Em Jingxi, policiais obrigaram suspeitos a carregarem cartazes com as próprias fotografias e nomes pelas ruas - Reprodução
Em Jingxi, policiais obrigaram suspeitos a carregarem cartazes com as próprias fotografias e nomes pelas ruas Imagem: Reprodução

Em Pequim (China)

29/12/2021 08h15Atualizada em 29/12/2021 10h26

Policiais antidistúrbios obrigaram quatro pessoas que supostamente violaram as restrições anticovid a desfilar pelas ruas de uma cidade do sul da China, informou a imprensa estatal, uma atitude que provocou críticas na internet.

Quatro suspeitos com máscaras e trajes de proteção carregando cartazes com as próprias fotografias e nomes desfilaram diante de uma multidão ontem na cidade de Jingxi, na fronteira com o Vietnã, segundo o jornal estatal Guangxi News.

As fotos da punição mostram cada suspeito detido por dois policiais - que usam escudos, máscara e trajes de proteção -, e cercados por vários agentes antidistúrbios, alguns deles armados.

Os quatro foram acusados de transportar migrantes ilegais, no momento em que praticamente todas as fronteiras da China estão fechadas devido à pandemia, reportou o jornal da província de Guangxi.

A China proibiu qualquer tipo de humilhação pública de supostos criminosos em 2010, após décadas de campanhas de ativistas dos direitos humanos, mas alguns governos locais retomaram as práticas na luta contra a covid-19.

O desfile pelas ruas é parte de uma série de medidas disciplinares anunciadas em agosto pelo governo de Jingxi para punir aqueles que não respeitam as medidas restritivas para impedir a propagação da covid.

O Guangxi News afirmou que o desfile apresenta "uma advertência real" e "desencoraja crimes na fronteira".

Mas o castigo provocou muita controvérsia, com críticas nas redes sociais à abordagem agressiva, assim como de parte da imprensa oficial.

Embora Jingxi esteja sob grande pressão para evitar a importação de casos de covid-19, "a medida viola gravemente o espírito do Estado de direito e não pode ser permitido que aconteça de novo", afirmou o jornal Beijing News, vinculado ao Partido Comunista.

Outros suspeitos de contrabando ilegal e tráfico de pessoas sofreram humilhações públicas nos últimos meses, de acordo com informações do site do governo de Jingxi.

Vídeos de um desfile similar em novembro mostraram uma multidão observando dois prisioneiros enquanto policiais liam seus crimes com um microfone.

E em agosto, dezenas de policiais armados carregaram um suspeito pelas ruas até um parque infantil.