Afegãs protestam contra violência do Talibã
Quase 30 afegãs protestaram nesta terça-feira (28) em Cabul, capital do Afeganistão, para exigir respeito a seus direitos e o fim dos "assassinatos" de integrantes do antigo governo, mas a manifestação foi rapidamente interrompida pelo Talibã.
"Eu quero dizer ao mundo, falar ao Talibã para parar de matar. Queremos liberdade, queremos justiça, queremos direitos humanos, declarou a manifestante Nayera Koahistani à AFP.
"Pela milésima vez, queremos que este grupo interrompa a máquina criminosa. Ex-militares e ex-funcionários do governo estão diretamente ameaçados", afirmou Laila Basam, outra manifestante.
As jovens, reunidas perto de uma grande mesquita no centro da capital afegã, conseguiram caminhar por centenas de metros aos gritos de "Justiça" antes da interrupção do protesto.
Os combatentes talibãs também anunciaram a detenção por alguns minutos de vários jornalistas que cobriam o protesto e confiscaram suas câmeras - as imagens foram apagadas.
A convocação do protesto, nas redes sociais, citava os "misteriosos assassinatos de jovens, em particular os ex-militares do país".
A ONU e as ONGs Anistia Internacional e Human Rights Watch citam denúncias confiáveis sobre a execução sumária ou desaparecimento forçado de mais de 100 ex-policiais e agentes de inteligência desde que o Talibã retomou o poder em agosto.
Outra manifestação em Cabul nesta terça-feira pediu o respeito aos direitos das mulheres a estudar e trabalhar.
O regime Talibã proibiu os protestos no Afeganistão, exceto nas raras ocasiões em que as demandas estão a seu favor.
Em busca de reconhecimento internacional, o grupo islamita se comprometeu a governar com menos violência que durante seu primeiro regime (1996-2001), mas as mulheres continuam excluídas em grande medida da administração pública e do acesso ao ensino médio.
No domingo, o Talibã anunciou que as mulheres que desejam viajar por longas distâncias devem ser acompanhadas por um homem de sua família.
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