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ONU: talibãs mataram mais de 100 colaboradores do governo afegão anterior

Imagem de arquivo da bandeira do Talibã em frente ao aeroporto de Cabul, no Afeganistão - Karim Sahib/AFP
Imagem de arquivo da bandeira do Talibã em frente ao aeroporto de Cabul, no Afeganistão Imagem: Karim Sahib/AFP

Nos Estados Unidos

31/01/2022 07h27Atualizada em 31/01/2022 07h48

O regime Talibã e seus aliados mataram mais de 100 ex-membros do governo afegão anterior, agentes das forças de segurança e outras pessoas que trabalharam com as forças internacionais, de acordo com denúncias compiladas em relatório da ONU, que foi rebatido e criticado pelos fundamentalistas islâmicos.

O documento, ao qual a AFP teve acesso, descreve graves restrições aos direitos humanos por parte dos novos governantes do Afeganistão. Também destaca os assassinatos políticos e a supressão do direito de protesto e dos direitos das mulheres.

"Apesar dos anúncios de uma anistia geral para os ex-membros do governo, forças de segurança e para os que trabalharam com as força militares internacionais, a UNAMA (Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão) continuou recebendo denúncias confiáveis de assassinatos, desaparecimentos forçados e outras violações que afetaram estas pessoas", afirma o relatório do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres.

Desde que o Talibã assumiu o controle Cabul em 15 de agosto, a missão da ONU recebeu mais de 100 relatos de assassinatos que considera críveis, afirma o documento.

Mais de dois terços dos assassinatos foram "mortes extrajudiciais cometidas por autoridades de fato ou seus sócios".

O regime Talibã rejeitou em bloco as acusações.

"O Emirado Islâmico (nome atribuído pelos fundamentalistas ao país) não matou ninguém desde o anúncio da anistia", afirmou no Twitter o ministério do Interior. A pasta repetiu que os assassinatos de ex-membros das forças de segurança são motivados por rivalidades pessoais.

O documento da ONU afirma ainda que "defensores dos direitos humanos e trabalhadores dos meios de comunicação continuam sob ataque, intimidação, assédio, detenções arbitrárias, maus-tratos e assassinatos", acrescenta o documento.

O relatório também detalha a repressão dos protestos pacíficos, assim como a falta de acesso ao trabalho e educação para mulheres e meninas.

"Todo um complexo sistema social e econômico está entrando em colapso", diz Guterres.

O Afeganistão enfrenta um desastre humanitário, agravado pela tomada de poder do Talibã, o que levou os países ocidentais a congelar a ajuda internacional e o acesso a bilhões de dólares em ativos no exterior.

O país era quase totalmente dependente de ajuda externa sob o governo anterior, que tinha o apoio dos Estados Unidos, mas os postos de trabalho foram eliminados e muitos funcionários públicos não recebem salário há vários meses.

Até o momento, nenhum país reconheceu o governo dos talibãs. A maioria observa como os islamistas radicais, conhecidos por seus abusos de direitos humanos durante seu primeiro período no poder, restringem as liberdades.

Com um índice de pobreza elevado e uma seca que devasta a agricultura em várias regiões, as Nações Unidas alertaram que metade dos 38 milhões de habitantes enfrenta a escassez de alimentos.

No mês passado, o Conselho de Segurança da ONU aprovou de maneira unânime uma resolução apresentada pelos Estados Unidos para permitir que algumas ajudas alcancem os afegãos desesperados sem violar as sanções internacionais.