Topo

Esse conteúdo é antigo

Presidente de Guiné-Bissau diz que 'situação está controlada' após tentativa de golpe

O presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló - Alan Santos/Presidência da República
O presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló Imagem: Alan Santos/Presidência da República

01/02/2022 17h54Atualizada em 01/02/2022 18h21

Bissau, 1 Fev 2022 (AFP) - O presidente de Guiné Bissau, Umaro Sissoco Embalo, assegurou nesta terça-feira (1º) ter controlado a situação depois de momentos de tensão na capital, denunciados como uma "tentativa de golpe de Estado" pela União Africana e a CEDEAO, bloco regional.

"Estou bem, Alhamdoulillah" (graças a Deus), tuitou o presidente. "A situação está sob controle do governo", acrescentou.

"O presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, acompanha com grande preocupação a situação na Guiné-Bissau, marcada por uma tentativa de golpe de Estado", disse um comunicado da UA datado em Nairóbi.

"A CEDEAO condena esta tentativa de golpe e responsabiliza os militares pela integridade física do presidente Umaro Sissoco Embalo e membros do seu governo", afirmou a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).

O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu em nota o "fim imediato" dos combates e "pleno respeito às instituições democráticas do país".

Posteriormente, o presidente de Guiné Bissau afirmou que a tentativa de golpe deixou "vários feridos graves e mortos" no país.

Ele não identificou os autores do golpe fracassado, mas o atribuiu às "decisões adotadas (por seu governo) contra o narcotráfico e a corrupção".

No terreno, a confusão reinou durante a tarde. A sede do governo foi cercada por homens armados durante uma reunião extraordinária de gabinete na presença do presidente, Umaro Sissoco Embalo, e do primeiro-ministro, Nuno Gomes Nabiam.

O prédio foi cercado por homens armados e tanto em torno do palácio quanto nos arredores da cidade, não muito longe do aeroporto principal, os militares mantinham os civis à distância.

Muitos moradores deixaram o bairro: os mercados estavam vazios e os bancos fecharam as portas enquanto veículos militares percorriam as ruas da capital.

Esta seria a quinta tentativa de golpe em menos de dois anos neste conturbado país lusófono da África ocidental.

Uma francesa de 36 anos, residente de Bissau, disse à AFP por telefone que precisou buscar os filhos na escola, que fica perto do palácio e seria fechada às pressas. Seu marido, que trabalha em um banco, recebeu a ordem de voltar para casa.

Ao passar pela sede do governo, Kadeejah Diop viu soldados armados entrando. "Fizeram sair o pessoal feminino. Havia muito pânico", relatou Kadeejah Diop. "Por enquanto, estamos enclausurados e não temos nenhuma informação", acrescentou após voltar com os filhos para casa.

- Golpes e corrupção -A Guiné-Bissau, ex-colônia portuguesa independente desde 1974, é um pequeno país com uma população de cerca de dois milhões de habitantes e faz fronteira com o Senegal e a Guiné.

A corrupção endêmica assola a vida política do país, que também é considerado um importante centro de tráfico de cocaína da América Latina para a Europa.

Tal como em muitos outros países africanos, as forças armadas desempenham um papel proeminente a nível sociopolítico.

Desde o início de 2020, Umaro Sissoco Embalo, ex-general do Exército, ocupa o cargo de chefe de Estado, após eleições presidenciais cujo resultado ainda é contestado pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), a formação política dominante desde a independência.

O retorno à ordem constitucional é o grande compromisso do país desde 2014, apesar das repetidas turbulências, mas sem violência.

Embalo, 49 anos, selou seu destino em fevereiro de 2020 ao vestir a faixa presidencial, apesar da persistência do PAIGC em suas queixas.

No ano passado, o comandante-chefe das forças armadas havia declarado que vários de seus membros estavam preparando um golpe enquanto o presidente estava em viagem ao Brasil.

Em 14 de outubro de 2021, o general Biague Na Ntam afirmou que alguns oficiais tentaram subornar as tropas "para subverter a ordem constitucional".