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ONG denuncia estrutura criada pela França para barrar entrada de imigrantes

29.fev.2016 - Agentes desmontam um acampamento de refugiados em Calais, norte da França - Philippe Huguen/AFP
29.fev.2016 - Agentes desmontam um acampamento de refugiados em Calais, norte da França Imagem: Philippe Huguen/AFP

04/02/2022 06h47Atualizada em 04/02/2022 07h37

A França "bunkerizou" seu litoral norte para impedir as travessias ilegais do Canal da Mancha, que, em 2021, tensionaram a relação com o Reino Unido - denuncia um relatório publicado nesta sexta-feira (4), que descreve a "política de dissuasão" dos últimos 30 anos.

Ao longo de três décadas, "o Estado aperfeiçoou sua doutrina de dissuasão" até chegar a um litoral "bunkerizado", afirma Pierre Bonnevalle, autor do informe elaborado para a Plataforma de Assistência aos Migrantes (PSM, na sigla em francês).

"No final, os estrangeiros não podem nem entrar" na França e no espaço europeu de livre-circulação europeia, "nem ficar, nem sair", acrescenta Bonnevalle.

"Arame farpado, milhões de euros para vigilância, despejo dos acampamentos... Este arsenal de medidas é acompanhado de assédio diário, violência policial e até de ações para impedir o acesso dos migrantes aos direitos fundamentais", completa.

"O objetivo do Estado é que os exilados saiam, levando-os ao limite", acrescenta o autor do relatório.

Esta "política de dissuasão" na fronteira franco-britânica há 30 anos procura, acima de tudo, segundo ele, "tranquilizar a opinião pública e a população sobre a sua capacidade de manter a ordem".

Na prática, porém, nem essas medidas, nem as forças de segurança, nem os acordos de cooperação com o Reino Unido impedem que os migrantes arrisquem suas vidas para chegar à costa da Inglaterra.

Cerca de 52.000 migrantes tentaram cruzar o Canal da Mancha, da costa francesa para o Reino Unido, no ano passado, informou o Ministério do Interior da França em meados de janeiro.