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ONU pede informações ao Talibã sobre ativistas desaparecidas

14.set.2021 - O ministro das Relações Exteriores do governo talibã, Amir Khan Muttaqi, em entrevista coletiva - Hoshang Hashimi/AFP
14.set.2021 - O ministro das Relações Exteriores do governo talibã, Amir Khan Muttaqi, em entrevista coletiva Imagem: Hoshang Hashimi/AFP

04/02/2022 06h33Atualizada em 04/02/2022 07h30

A ONU pediu ao regime Talibã que apresente informações sobre duas ativistas feministas supostamente detidas pelo movimento esta semana, o que elevou a quatro o total de militantes desaparecidas este ano.

A Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão (UNAMA na sigla em inglês) anunciou que pediu "informações urgentes" ao ministério do Interior a respeito das "últimas detenções por parte dos talibãs de duas ativistas feministas"".

A ONU "repete seu apelo a favor da libertação de todas as militantes feministas 'desaparecidas', assim como de seus parentes", acrescentou a instituição.

"As detenções injustas devem parar. Se os talibãs buscam o reconhecimento do povo afegão e do mundo, devem respeitar os direitos humanos dos afegãos, particularmente os das mulheres, incluindo a liberdade de expressão", tuitou nesta sexta-feira a emissária dos Estados Unidos para os direitos das mulheres afegãs, Rina Amiri.

A UNAMA não divulgou os nomes das duas ativistas, mas de acordo com outra militante entrevistada pela AFP Zahra Mohammadi e Mursal Ayar foram detidas esta semana.

Zahra é "dentista e trabalha em uma clínica. Foi detida", afirmou a fonte, que pediu anonimato.

Mursal foi detida na quarta-feira depois que um colega pediu seu endereço para entregar seu salário, disse a ativista. "Foi assim que a pegaram. Os talibãs a encontraram e prenderam", disse.

O pai de Mursal também foi detido, segundo a a ativista

Há duas semanas foram anunciados os desaparecimentos de outras duas militantes, Tamana Zaryabi Paryani e Parwana Ibrahimkhel, poucos dias após a participação em uma manifestação em Cabul a favor dos direitos das mulheres.

A Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, expressou na terça-feira inquietação com o destino das ativistas e de quatro parentes que desapareceram com elas.

O Talibã nega qualquer envolvimento no desaparecimento e afirma que abriu uma investigação.

Desde seu retorno ao poder em agosto, os fundamentalistas islâmicos alegam que se modernizaram em comparação com a brutalidade de seu primeiro regime no Afeganistão (1996-2001).

Mas pouco depois, o regime impediu a presença das mulheres de muitas universidades e centros de ensino públicos, excluíram as mulheres da maioria dos empregos públicos e determinaram que elas devem ser acompanhadas por um parente do sexo masculino durante longas viagens.

Diante da profunda crise humanitária no Afeganistão, os países ocidentais anunciaram que o respeito aos direitos humanos é uma condição indispensável para a eventual liberação de ajuda internacional.