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Caminhoneiros se reúnem para iniciar caravana contra medidas anticovid nos EUA

Caminhoneiros e seus apoiadores se reúnem antes de um comboio partir para a capital do país para protestar contra os mandatos de vacina contra a covid-19, em Adelanto, Califórnia, EUA - David Swanson/Reuters
Caminhoneiros e seus apoiadores se reúnem antes de um comboio partir para a capital do país para protestar contra os mandatos de vacina contra a covid-19, em Adelanto, Califórnia, EUA Imagem: David Swanson/Reuters

23/02/2022 16h29Atualizada em 23/02/2022 17h19

Centenas de caminhoneiros e outros americanos chegaram muito cedo hoje em Adelanto, na Califórnia, para iniciar uma caravana de quase 4.200 km até Washington, no outro extremo do país, em protesto contra as medidas restritivas devido à pandemia do novo coronavírus.

"Está na hora de reativar o país", diz o comunicado dos organizadores da "Caravana do Povo", inspirados na mobilização que recentemente paralisou a capital canadense, e convocados pelos caminhoneiros a manifestar seu descontentamento com o encerramento das atividades, vacinas e uso de máscaras, entre outras medidas promovidas pelo governo federal de Joe Biden para conter a disseminação da covid-19.

"É hora de os funcionários eleitos trabalharem em conjunto com os trabalhadores dos Estados Unidos e restaurarem a liberdade (...) Os americanos precisam voltar a trabalhar livre e irrestritamente", acrescenta o texto.

No estacionamento do estádio de Adelanto, pequena cidade no sul da Califórnia, dezenas de caminhões e veículos começaram a chegar ao amanhecer. Muitos agitavam bandeiras e faixas com a palavra: "liberdade".

Apesar do frio de 1ºC, os manifestantes continuaram a chegar no início da manhã. Os organizadores, que arrecadaram mais de 460 mil dólares para a mobilização, anunciaram um comício para as 10h locais (15h em Brasília), antes de iniciar a marcha.

Em 11 dias, os organizadores esperam chegar aos arredores de Washington, mas "não a Washington propriamente dita".

As autoridades, no entanto, anunciaram medidas para reforçar a segurança na capital, com a lembrança ainda viva do ocorrido em 6 de janeiro de 2021, quando apoiadores do ex-presidente Donald Trump invadiram o Capitólio para tentar impedir a certificação da eleição do democrata.

O Pentágono aprovou o envio de 700 guardas nacionais desarmados e as forças de segurança locais solicitaram reforços, disse John Kirby, secretário de comunicações do Pentágono, em comunicado.

- "Voltamos ao normal" -Apoiador de Donald Trump, Shane Class chegou nesta quarta-feira de Idaho, a 1.300 km de distância, para participar da caravana, e disse que espera chegar a Washington com sua esposa e protestar "pacificamente".

"Acho que estamos todos aqui por um motivo diferente, mas tudo se resume à mesma coisa: liberdade", disse Class, de 48 anos, que escreveu "Legalizem a liberdade" em seu carro.

Usando um boné de Trump e carregando malas com a bandeira americana, Class disse que "é hora de nosso governo começar a entender que as pessoas querem essa liberdade na Constituição de volta".

"Vamos voltar ao normal", disse Bryan Brase, um dos caminhoneiros à frente da caravana.

"Estamos protestando contra os estados de emergência que foram decretados e esperamos acabar com todos os decretos de máscaras e vacinação para funcionários federais e profissionais de saúde", acrescentou.

"Para mim é por causa do decreto da vacina, mas é maior do que isso", disse uma enfermeira de Los Angeles que não quis ser identificada.

"Não posso trabalhar no meu centro de saúde sem apresentar uma exceção religiosa [para não ser vacinada]", disse a jovem que viajou duas horas para Adelanto com o marido.

As vacinas contra a covid-19 nos Estados Unidos são gratuitas e amplamente disponíveis, mas junto com o uso de máscaras e o distanciamento social, tornaram-se um ponto de divisão para a sociedade, com muitas pessoas resistindo à imunização e às medidas sanitárias.

Em seu carro, além da bandeira dos Estados Unidos e da frase "Enfermeiras pela liberdade médica", ela também colocou a bandeira canadense. "Eles [os canadenses] foram tratados como terroristas, embora tenham feito a coisa certa", disse a enfermeira.

"Estou aqui com a intenção de protestar pacificamente, mas entendo que onde quer que as pessoas se levantem, haverá uma resposta do governo. E esta pode ser nossa última chance de protestar, como foi para os canadenses", acrescentou.

No Canadá, os últimos manifestantes foram removidos pela polícia no fim de semana, após três semanas de protestos contra as medidas sanitárias, que incluíram bloqueios nas passagens de fronteira com os Estados Unidos e a ocupação do centro de Ottawa por caminhões.

Outra caravana de caminhoneiros da Pensilvânia, no leste dos Estados Unidos, está prevista para chegar aos arredores de Washington nesta quarta-feira, enquanto o portal "Great American Patriot Project" anunciou vários itinerários que partirão na primeira semana de março com o mesmo destino.