Acnur: mundo não pode se esquecer do Afeganistão com guerra na Ucrânia
A invasão russa da Ucrânia não deve fazer com que o mundo se esqueça do Afeganistão, afirmou nesta terça-feira (15) o titular do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur), Filippo Grandi.
Grandi advertiu que há "muito risco" de as necessidades humanitárias no Afeganistão serem esquecidas com a eclosão do conflito no leste da Europa.
"Toda a atenção do mundo se concentra agora na Ucrânia", disse Grandi à AFP em um acampamento da ONU.
Em seu quarto dia de visita ao Afeganistão, o titular da Acnur acrescentou que a comunidade internacional deve continuar seus contatos com as autoridades do Talibã, pois o país precisa desesperadamente de ajuda humanitária.
"Minha mensagem ao vir aqui é que não se esqueçam de outras situações que requerem atenção e recursos, e o Afeganistão é uma delas", acrescentou
"Os riscos de distração são muito altos [...] A assistência humanitária deve seguir fluindo sem importar quantas outras crises se apresentem no mundo e concorram com o Afeganistão", disse.
Os talibãs tomaram o poder em 15 de agosto de 2021, após a retirada das forças militares lideradas pelos Estados Unidos, e, desde então, a crise humanitária tem se agravado.
As Nações Unidas e outras agências indicaram que mais da metade dos 38 milhões de habitantes do país asiático corre o risco de sofrer com a fome no próximo inverno do hemisfério norte.
Grandi acrescentou que a guerra na Ucrânia começa a dificultar o levantamento de recursos para o Afeganistão.
"A resposta generosa deve continuar" para o Afeganistão, onde mais de seis milhões de seus cidadãos vivem como refugiados em outras partes.
Grandi assinalou que as conversas sobre a ajuda humanitária com os talibãs são cada vez mais "francas e abertas", especialmente no que se refere ao tema dos direitos das mulheres. Se os talibãs avançarem neste tema, a ajuda internacional continuará, pontuou.
Os doadores globais liderados pelos Estados Unidos insistem que a ajuda dependerá da política do Talibã em matéria dos direitos das mulheres à educação e ao trabalho.
"Veremos em alguns dias se as escolas voltarão a abrir, e a comunidade internacional levará isso em conta", concluiu Grandi.
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