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Teste de suposto míssil da Coreia do Norte falha após lançamento

Bandeira da Coreia do Norte em frente à sede da missão diplomática do país em Genebra - Denis Balibouse/Reuters
Bandeira da Coreia do Norte em frente à sede da missão diplomática do país em Genebra Imagem: Denis Balibouse/Reuters

Da AFP

16/03/2022 05h57Atualizada em 16/03/2022 07h23

A Coreia do Norte disparou um projétil não identificado nesta quarta-feira (16) que, ao que parece, falhou logo após o lançamento, anunciou o exército da Coreia do Sul, ao mesmo tempo que analistas advertem que o país pode ter testado um míssil intercontinental.

O lançamento, o 10º da Coreia do Norte desde o início do ano, aconteceu depois que o governo dos Estados Unidos alertou que Pyongyang se prepara para disparar um míssil balístico intercontinental (ICBM) "a pleno alcance" pela primeira vez desde 2017.

"A Coreia do Norte disparou um projétil não identificado da área de Sunan por volta das 9h30 de hoje (21h30 de terça-feira no horário de Brasília), mas presume-se que tenha falhado imediatamente após o lançamento", afirmou o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul em comunicado.

A imprensa japonesa também informou que a Coreia do Norte lançou um possível míssil balístico, citando uma fonte anônima do ministério da Defesa.

O canal nipônico NHK afirmou que funcionários de alto escalão do governo se reuniram no gabinete do primeiro-ministro Fumio Kishid para discutir a situação.

Este seria o 10º teste de armas de Pyongyang em 2022, após o lançamento de sete mísseis e dois dispositivos que a Coreia do Norte descreveu como "satélites de reconhecimento".

Seul e Washington afirmaram na semana passada que os disparos eram parte de um novo sistema de mísseis balísticos intercontinentais que nunca havia sido testado.

A Coreia do Norte já está sob sanções internacionais por seus programas de mísseis e armas nucleares, mas o governo dos Estados Unidos ameaçou adotar punições adicionais por estes novos testes.

Pyongyang deseja ter um ICBM capaz de transportar múltiplas ogivas e Washington advertiu na semana passada que os testes dos últimos meses representam uma "grave escalada" do programa armamentista.

Míssil monstro?

O Norte executou três testes de ICBM, o mais recente em novembro de 2017 com um Hwasong-15, considerado potente o suficiente para atingir o território norte-americano.

Mas o país acatou uma moratória autoimposta sobre testes de armas nucleares e de longo alcance desde 2017, quando o dirigente Kim Jong Un iniciou movimentos diplomáticos, incluindo um diálogo fracassado com o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

"Os sinais indicam que o Norte disparou hoje (quarta-feira) um Hwasong-17", declarou à AFP Cheong Seong-chang, pesquisador do Sejong Institute.

O projétil foi apresentado pela primeira vez em um desfile militar em outubro de 2020 e foi chamado por analistas de "míssil monstro".

De acordo com Cheong, a tensão política internacional torna "pouco provável que a Rússia aceite sanções adicionais contra o Norte caso o país execute tal teste, devido à invasão da Ucrânia, então Pyongyang parece ter considerado o momento propício para prosseguir".

A falha no lançamento será examinada por Pyongyang e o regime norte-coreano pode precisar de mais três testes para garantir o funcionamento do míssil, disse o pesquisador.

"Acredito que o Norte fará um ou dois lançamentos de testes até 15 de abril", acrescentou.

A Coreia do Norte celebrará em abril o 110º aniversário do nascimento de Kim Il Sung, fundador do país, e o atual líder geralmente comemora as datas importantes com desfiles militares ou testes de armas.

O professor Ahn Chan-il, especialista em Coreia do Norte, declarou à AFP que o fracasso do lançamento de quarta-feira é um indício de que "não era um míssil comum".

Ele acrescentou que o momento é importante porque coincide com a transição presidencial na Coreia do Sul e com a guerra na Ucrânia.