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Novo presidente da Coreia do Sul assume mandato enquanto Norte sobe tensão

Yoon Suk-yeol assumiu o poder ontem; novo presidente da Coreia do Sul é conservador e chamou Kim Jong-un de "jovem grosseiro" - Jeon Heon-kyun/Pool/AFP
Yoon Suk-yeol assumiu o poder ontem; novo presidente da Coreia do Sul é conservador e chamou Kim Jong-un de 'jovem grosseiro' Imagem: Jeon Heon-kyun/Pool/AFP

Em Seul (Coreia do Sul)

10/05/2022 06h45Atualizada em 10/05/2022 06h53

O novo presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, assumiu ontem o poder com um pedido para que a Coreia do Norte renuncie ao arsenal nuclear em troca de incentivos econômicos, em um momento de tensão na península.

Yoon, um conservador de 61 anos, chegou ao poder em um momento em que a Coreia do Norte adota uma postura cada vez mais beligerante. Pyongyang executou 15 testes militares desde o início do ano, dois deles na semana passada.

Coreia do Sul e Estados Unidos suspeitam que o regime norte-coreano deseja retomar os testes nucleares.

O novo presidente comandou ontem uma primeira reunião com as principais autoridades do Estado-Maior em um bunker subterrâneo na sede da presidência.

Em discurso de posse na Assembleia Nacional de Seul, Yoon pediu ao vizinho do Norte que renuncie a todo arsenal nuclear que possui, que descreveu como uma ameaça à segurança global.

Se Pyonyang "embarcar genuinamente em um processo para a desnuclearização completa", Yoon afirmou que está disposto a apresentar um "plano ousado" para ajudar a empobrecida economia da Coreia do Norte e melhorar o nível de vida de sua população.

Uma oferta de diálogo

"Os programas nucleares da Coreia do Norte constituem uma ameaça, não apenas para nossa segurança, mas para todo o nordeste da Ásia", acrescentou o presidente, antes de destacar que a "porta do diálogo permanecerá aberta" para resolver pacificamente esta ameaça.

O novo chefe de Estado afirmou que o país enfrenta "múltiplas crises", citando a pandemia de covid-19, os problemas na rede de abastecimento e os conflitos mundiais que, segundo ele, "jogam uma longa sombra" na Coreia do Sul.

"Os coreanos nunca se renderam, nos tornamos mais fortes e sábios", disse.

Para Park Won-gon, professor da Universidade Ewha, a oferta de Yoon de ajudar economicamente a Coreia do Norte é uma estratégia "antiquada".

"Desde 2009, a Coreia do Norte afirma que não renunciará a suas armas nucleares em troca de incentivos econômicos", explicou Park à AFP.

Um 'jovem grosseiro'

O novo presidente prometeu uma diplomacia mais agressiva após as tentativas fracassadas de aproximação com a Coreia do Norte por parte antecessor, Moon Jae-in.

Após a vitória na eleição, Yoon disse que trataria com "severidade" a ameaça representada pelo regime de Kim Jong-un.

Durante a campanha, ele se referiu a Kim como um "jovem grosseiro" ao qual ensinaria "bons modos".

Yoon também afirmou que busca uma relação mais sólida com os Estados Unidos, principal aliado contra Pyongyang. O presidente Joe Biden visitará Seul no fim de maio.

A delegação americana na cerimônia de posse foi liderada por Douglas Emhoff, o marido da vice-presidente Kamala Harris. Japão e China, países com os quais Yoon pretende suavizar as relações em alguns momentos conturbadas, enviaram representantes de alto escalão.

Baixa popularidade

No cenário interno, a frustração crescente da opinião pública com o governo liberal de Moon Jae-in parece estar na origem da vitória de Yoon.

Moon venceu a eleição presidencial de 2017 com a promessa de adotar um programa baseado na igualdade de oportunidades na 10ª maior economia mundial, após a destituição da antecessora Park Geun-hye, arrastada por um escândalo de corrupção.

Mas ele foi acusado de leniência com os próprios aliados, que admitiram receber subornos. Também foi criticado por políticas econômicas que, para alguns, agravaram as desigualdades do país.

Yoon não terá um mandato fácil e assume o poder com um índice de popularidade de 41%, um dos menores da história democrática da Coreia do Sul para um início de mandato, segundo uma pesquisa recente do instituto Gallup.

Uma das razões, segundo a pesquisa, é sua decisão de transferir a sede da presidência do Palácio Azul para a antiga sede do Ministério da Defesa, no centro de Seul.

A mudança não foi bem recebida pela opinião pública e foi encarada como um risco para o país em um momento de tensão com a Coreia do Norte.

Yoon alegou que o Palácio Azul foi a sede da administração colonial japonesa entre 1910 e 1945 e é um "símbolo do poder imperial".

Quase 40 mil pessoas foram convidadas para a cerimônia de posse, a mais cara da história do país, com orçamento de 3,3 bilhões de wons (cerca de R$ 13,4 milhões).