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Guerra da Rússia-Ucrânia

Notícias do conflito entre Rússia e Ucrânia


Rússia diz avançar no leste da Ucrânia; ataque com 7 mísseis mata em Odessa

Do UOL*, em São Paulo

10/05/2022 05h35Atualizada em 10/05/2022 12h16

O Ministério da Defesa russo disse, hoje, que suas tropas, junto com forças pró-Rússia, tomaram a cidade de Popasna, na região de Lugansk, leste ucraniana. Segundo o ministério, elas "concluíram a limpeza" da cidade "de nacionalistas e romperam a defesa inimiga". Segundo os russos, foi alcançada a "fronteira administrativa da República Popular de Lugansk", área separatista.

O governador de Lugansk, Sergey Gaiday, disse que a informação do ministério russo é uma "fantasia". "Eles também voaram para Marte e capturaram [o planeta]", ironizou. Segundo Gaiday, as tropas ucranianas "se retiraram de Popasna para assumir posições mais fortificadas". "Nossa defesa é forte. Não há avanços".

Em seu relatório, a Defesa ucraniana citou que as tropas russas "estão realizando operações ofensivas no leste de nosso país para estabelecer o controle total sobre o território das regiões de Donetsk e Lugansk e manter um corredor terrestre entre esses territórios e a Crimeia ocupada".

A guerra russa na Ucrânia entrou hoje no 76º dia com as autoridades de Odessa, no sul ucraniano, contabilizando ao menos uma morte e cinco pessoas feridas após um ataque com sete mísseis. Ontem, a Defesa da Ucrânia já havia alertado para o aumento do número de mísseis da Rússia na região do Mar Negro.

"'O mundo russo' parabenizou a Cidade Heróica de Odessa em 9 de maio lançando sete mísseis contra ela", disse o prefeito da cidade, Gennady Trukhanov. Segundo o serviço de emergências da Ucrânia, um shopping center e armazéns foram atingidos.

Na mesma cidade, também houve um ataque com mísseis hipersônicos. De acordo com a administração militar regional, três projéteis Kinzhal, um dos mais modernos do arsenal russo, foram lançados de um avião e atingiram um hotel na noite de ontem.

O Ministério da Defesa ucraniano disse que hoje que "há uma alta probabilidade de ataques de mísseis em infraestrutura civil e militar em toda a Ucrânia".

Odessa é a terceira cidade mais populosa do país e abriga o principal porto ucraniano. O município fica fora do Donbass, área do leste da Ucrânia cuja soberania é defendida pela Rússia, mas se tornou alvo de Moscou por causa do acesso ao Mar Negro.

Atualmente, as forças russas impõem um bloqueio naval aos portos ucranianos, que acumulam toneladas e toneladas de grãos que não podem ser exportados. "Dezenas de países já estão à beira de uma carência alimentar e, com o tempo, a situação pode se tornar terrível", alertou o presidente Volodymyr Zelensky.

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Área de shopping center atingido por ataque com mísseis em Odessa, no sul da Ucrânia
Imagem: Igor Tkachenko/Reuters

Azovstal

"Mais de mil" militares ucranianos, incluindo centenas de feridos, permanecem no complexo Azovstal, cercado pelas tropas russas na cidade de Mariupol, sudeste da Ucrânia, disse a vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk, à agência AFP.

Após a regirada de todos os civis na semana passada com a ajuda da ONU (Organização das Nações Unidas), há combatentes que continuam entrincheirados nas galerias subterrâneas do enorme complexo industrial, completou Vereshchuk. "Há feridos em estado grave que precisam de uma operação de retirada urgente."

Vereshchuk também desmentiu as informações divulgadas por autoridades regionais de que civis ainda estavam na fábrica. "Não há nenhum civil, nenhuma mulher, criança ou idoso em Azovstal".

Fora de Azovstal, cerca de 100 mil pessoas aguardam para serem evacuadas de Mariupol, segundo o prefeito da cidade, Vadym Boychenko. "Eles precisam ter a chance de uma evacuação segura. Para fazer isso, deve haver um regime estável de silêncio, que muitas vezes é violado pelos ocupantes russos", disse.

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Bandeira ucraniana é vista no complexo Azovstal, em Mariupol, no sudeste da Ucrânia
Imagem: Câmara Municipal de Mariupol

44 corpos

Chefe da administração militar regional de Kharkiv, no leste da Ucrânia, Oleh Synehubov anunciou, hoje, que os corpos de 44 civis foram encontrados na cidade Izium. Segundo ele, os corpos estavam "sob os escombros de um prédio de cinco andares" que as forças russas destruíram no começo de março.

Para Synehubov, "este é outro horrível crime de guerra dos ocupantes russos contra a população civil".

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O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em pronunciamento, em vídeo, a políticos da Eslováquia
Imagem: Presidência da Ucrânia

"Ideia tirânica" de Putin

Em discurso ao Parlamento da Eslováquia, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse hoje que seu país está "no epicentro do confronto de duas ideias". "A ideia democrática europeia de que a liberdade e a vida de todos são importantes. Mas a ideia cruel e tirânica de que apenas uma pessoa que pode subjugar outras pessoas importa."

Para Zelensky, "a primeira e principal ferramenta para vencer esse confronto são as armas".

Milhares a mais

Há milhares de civis mortos na Ucrânia além dos 3.381 relatados pela ONU em quase 11 semanas de guerra no país, disse hoje a chefe da Missão de Monitoramento dos Direitos Humanos da ONU na Ucrânia, Matilda Bogner.

"Temos trabalhado em estimativas, mas tudo o que posso dizer por enquanto é que é milhares mais alto do que os números que lhe demos atualmente. "Bogner acrescentou que "o grande buraco é realmente Mariupol, onde tem sido difícil para nós ter acesso total e obter informações totalmente corroboradas". A Rússia nega ter civis como alvo.

Bogner disse que sua equipe também estava investigando o que descreveu como "alegações confiáveis" de tortura, maus-tratos e execuções pelas forças ucranianas contra as forças invasoras russas e grupos armados afiliados. "Em termos da extensão das violações pelas forças ucranianas —embora a escala seja significativamente maior do lado das alegações contra as forças russas—, também estamos documentando as violações pelas forças ucranianas", disse ela.

A ONU também indicou hoje que mais de 8 milhões de pessoas tiveram de deixar suas casas no território ucraniano em razão da guerra promovida pela Rússia.

Retorno a Kiev

Quase dois terços dos 3,5 milhões de habitantes de Kiev retornaram à capital ucraniana, que ficou praticamente deserta no início da invasão russa, em 24 de fevereiro, afirmou o prefeito da cidade, Vitali Klitschko.

Apesar do toque de recolher em vigor, dos controles nas estradas, as pessoas "podem efetivamente retornar se essas circunstâncias não as assustam", disse o prefeito, que até agora havia pedido aos habitantes da capital que fugiram que tivessem paciência ao retornar.

Mapa Rússia invade a Ucrânia - 26.02.2022 - Arte UOL - Arte UOL
Imagem: Arte UOL

Andamento

Após não ver a Rússia anunciar uma intensificação dos ataques à Ucrânia ontem —como estava se esperando—, o governo ucraniano e países aliados já começam a analisar quais podem ser os novos cenários.

Para Vadym Denysenko, conselheiro do Ministro de Assuntos Internos da Ucrânia, o presidente russo, Vladimir Putin, teria duas saídas: "negociar ou declarar mobilização total na Rússia". Segundo ele, atualmente, o equipamento russo está concentrado na Crimeia e haveria 19 grupos táticos da Rússia na região de Kharkiv, segunda maior cidade da Ucrânia.

Ontem, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse estar preocupado que Putin não tenha uma saída para a guerra. A expectativa é que os americanos acelerem a entrega de armas para a Ucrânia.

Já a inteligência do Ministério da Defesa do Reino Unido avaliou, hoje, que "é muito provável que o plano de invasão da Rússia tenha se baseado na suposição equivocada de que encontraria resistência limitada e seria capaz de cercar e contornar rapidamente os centros populacionais". Esse erro de cálculo levou a perdas insustentáveis e uma subsequente redução no foco operacional da Rússia."

Baixas

No ataque a Popasna, a Rússia diz ter matado ao menos 120 militares ucranianos. No total, nas ações entre ontem e hoje em território ucraniano, foram 380 baixas, de acordo com a Defesa russa. A Ucrânia, por sua vez, disse ter matado 350 combatentes russos.

Os números tanto de ucranianos quanto de russos não puderam ser verificados com fontes independentes.

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A ministra alemã das Relações Exteriores, Annalena Baerbock, visitou Bucha hoje
Imagem: Carlos Barria/Reuters

Bucha

A ministra alemã das Relações Exteriores, Annalena Baerbock, visitou hoje a cidade ucraniana de Bucha, perto de Kiev, onde as tropas russas foram acusadas de matar dezenas de civis quando ocuparam a localidade em março. Baerbock —cuja viagem não havia sido anunciada oficialmente— reuniu-se com moradores da cidade, que fia ao noroeste de Kiev.

Várias autoridades ocidentais visitaram Bucha desde que as tropas russas deixaram a cidade no fim de março. O exército russo foi acusado de matar civis —atos que podem constituir crime de guerra— nesta localidade e em outras nas proximidades da capital ucraniana. A Rússia nega responsabilidade nas mortes.

Na visita, a ministra anunciou a retomada dos trabalhos da embaixada alemã em Kiev.

(Com Reuters, Ansa, AFP e RFI)