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Shireen Abu Akleh, repórter da Al Jazeera e símbolo do jornalismo palestino

11.mai.22 - Um jornalista palestino protesta contra a morte da veterana Shireen Abu Akleh, do Al-Jazeera, enquanto cobria um ataque do exército israelense em Jenin, na cidade bíblica de Belém, na Cisjordânia - HAZEM BADER/AFP
11.mai.22 - Um jornalista palestino protesta contra a morte da veterana Shireen Abu Akleh, do Al-Jazeera, enquanto cobria um ataque do exército israelense em Jenin, na cidade bíblica de Belém, na Cisjordânia Imagem: HAZEM BADER/AFP

11/05/2022 12h39Atualizada em 11/05/2022 13h26

Shireen Abu Akleh, jornalista do canal de televisão árabe Al Jazeera - morta a tiros nesta quarta-feira (11) enquanto cobria uma operação do Exército de Israel na Cisjordânia - se destacava por sua coragem e profissionalismo.

Nascida em 1971 em uma família cristã na parte ocupada de Jerusalém, a palestina, que também era cidadã americana, estudou jornalismo na universidade Yarmouk, na Jordânia, antes de cofundar a rádio "Voz da Palestina", com sede em Ramallah.

Ela entrou na Al Jazeera em 1997, um ano depois da inauguração da emissora, onde se tornou uma das principais repórteres.

Hoda Abdel Hamid, uma de suas colegas na Ucrânia, disse à AFP, que ela "era, sem dúvida, uma jornalista muito corajosa".

"Eu perguntava a ela: 'Você não cansa?' Sempre que algo acontecia, ela estava lá. Se arriscava muito mais do que eu. Mas era muito experiente, não corria riscos bobos", destacou.

Em recente entrevista a uma agência local, Abu Akleh afirmou que sentia medo quando estava em campo. "Tento me posicionar com minha equipe em um lugar seguro antes de me preocupar com as imagens", garantiu a jornalista, que não tinha filhos.

Continuar sua luta e realizar seus sonhos

Shireen Abu Akleh utilizava capacete e colete a prova de balas com a identificação de imprensa, mas foi atingida por disparos em Jenin, cidade palestina onde o Exército israelense - que ocupa a Cisjordânia desde 1967 - multiplicou as operações recentemente.

Vários autores de ataques contra Israel nas últimas semanas são desta cidade do norte da Cisjordânia e do acampamento de refugiados palestinos anexo.

No início de 2022, a jornalista escreveu na revista "Esta semana na Palestina" que Jenin não representa "uma história efêmera em sua carreira, nem mesmo em sua vida pessoal".

"É a cidade que consegue mudar meu ânimo", afirmou, porque Jenin "encarna o espírito palestino que às vezes treme e cai, mas levanta para continuar sua luta e realizar seus sonhos".

A cobertura do conflito israelo-palestino por duas décadas fez da jornalista um ícone para muitos palestinos.

Para sua colega e amiga Mohamad Daraghmeh, ela também foi "uma das jornalistas mais importantes do mundo árabe".

"Foi uma das primeiras mulheres árabes a ser correspondente de guerra no final do anos 1990, quando o papel da mulher na televisão ainda era restrito à apresentação das notícias em estúdio", destacou no Twitter Dima Khatib, outra jornalista da Al Jazeera, chamando sua colega de "pioneira".

"Foi uma jornalista corajosa, amável e de grande integridade. Milhões de palestinos, assim como eu, cresceram assistindo a Shireen", afirmou Fadi Quran, um dos diretores da Avaaz, ONG com sede nos Estados Unidos.