A pedido, Justiça adia julgamento de Navalny, opositor de Putin na Rússia
O julgamento do opositor russo Alexei Navalny - que está preso e apelou de uma sentença de nove anos de prisão por fraude - foi adiado para 24 de maio, anunciou a Justiça do país hoje.
Uma hora após o início da audiência de apelação, o Tribunal de Moscou anunciou que o processo havia sido adiado para 24 de maio, devido a um pedido feito pelo réu.
Navalny - que compareceu à audiência por videoconferência, atrás das grades da cela onde está detido - disse que quer ter acesso ao áudio do julgamento contra ele, para comparar com os autos.
Um tribunal de Moscou deve examinar o recurso do opositor russo, referente à sentença de nove anos de prisão proferida em março. Os apoiadores dele afirmam que as acusações têm motivação política.
A apelação coincide com um momento em que as autoridades russas tentam silenciar o que resta da oposição, e Moscou está realizando uma operação militar na Ucrânia. O conflito no território vizinho já deixou milhares de mortos e quase 10 milhões de deslocados.
Navalny, um dos críticos mais proeminentes do presidente russo, Vladimir Putin, compareceu a um tribunal em março, o qual estendeu a sentença dele para nove anos de retenção por acusações de fraude e de desacato.
Vestido com o uniforme de presidiário, Navalny disse que obteve o direito de ser visitado pela família na próxima sexta-feira (20) e que não quer perder essa oportunidade. Por esse motivo, explica ele, pediu o adiamento da audiência.
"Vão me mandar para uma colônia com um regime muito severo", completou.
Se essa nova sentença for confirmada, ele será transferido para um presídio com menos direitos de visitação.
Essa sentença substituiria a pena de dois anos imposta em fevereiro do ano passado. Assim, com o tempo que já passou na prisão, Navalny teria de passar mais oito anos encarcerado.
'Extremistas'
Sob as novas acusações, os investigadores acusam Navalny de roubar milhões de dólares, para uso pessoal, de doações recebidas pelas organizações políticas dele.
Navalny ganhou notoriedade com um blog, no qual denunciava a corrupção das elites russas. Além disso, antes de ser preso, mobilizou vários protestos em todo país.
Em 2018, tentou concorrer à presidência, mas foi impedido de disputar a eleição, na qual Putin garantiu um quarto mandato.
Apesar da prisão, a equipe de Navalny continua a publicar investigações sobre a riqueza das elites russas. Os vídeos dele acumulam milhões de visualizações no YouTube.
Em 2020, Navalny sobreviveu a um envenenamento com um agente nervoso. O Kremlin rejeita as acusações e nega qualquer responsabilidade pelo ataque.
Depois de ser tratado na Alemanha, voltou para a Rússia em 2021 e foi preso, apesar da ampla condenação internacional e das sanções impostas por países ocidentais.
Após a prisão, as organizações políticas ligadas a Navalny foram declaradas "extremistas" e banidas, o que forçou muitos dos ativistas ligados a ele a fugirem do país.
A Rússia intensificou a pressão contra veículos da mídia independente e organizações não-governamentais, declarando-as "agentes estrangeiros". Várias decidiram fechar por medo de serem processadas.
Na tentativa de controlar ainda mais as informações acessadas pelo público local, as autoridades bloquearam o acesso a redes sociais, como Instagram, Facebook e Twitter.
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