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Talibãs querem que mulheres sejam 'invisíveis' na sociedade, diz ONU

15.set.2021 - Membros do Talibã fazem patrulha em posto de controle de Kunduz, no norte do Afeganistão - Ajmal Kakar/Xinhua
15.set.2021 - Membros do Talibã fazem patrulha em posto de controle de Kunduz, no norte do Afeganistão Imagem: Ajmal Kakar/Xinhua

26/05/2022 09h37Atualizada em 26/05/2022 09h53

As restrições impostas pelos talibãs às mulheres afegãs têm como objetivo torná-las "invisíveis", estimou nesta quinta-feira (26) em Cabul o relator especial da ONU para os direitos humanos no Afeganistão, Richard Bennett.

Desde que retornaram ao poder em agosto passado, os talibãs impuseram uma série de restrições, das quais grande parte busca submeter as mulheres à sua visão fundamentalista do Islã.

O Talibã as excluiu em grande parte dos empregos públicos, restringiu seu direito de deslocamento e proibiu as meninas de ir à escola.

No início de maio, o líder supremo do Talibã emitiu uma ordem para que as mulheres se cobrissem totalmente em público, incluindo o rosto, de preferência com uma burca, que tem uma grade de tecido sobre os olhos que permite que as mulheres vejam, mas não sejam vistas.

Todas essas medidas "descrevem um modelo de total segregação de gênero e visam tornar as mulheres invisíveis na sociedade", disse Bennett em entrevista coletiva em Cabul ao final de uma visita de 11 dias ao Afeganistão.

Durante a coletiva de imprensa, talibãs armados interromperam uma manifestação de mulheres pedindo que as meninas voltassem à escola.

"Cerca de 45 mulheres e meninas estavam presentes na manifestação, mas o Talibã enfurecido veio e nos dispersou", disse à AFP Munisa Mubariz, organizadora da manifestação.

A comunidade internacional fez do respeito pelos direitos humanos, especialmente das mulheres, um pré-requisito nas negociações de ajuda e reconhecimento do governo islâmico.

As novas restrições confirmam a radicalização do Talibã, que inicialmente tentou mostrar uma face mais moderada do que durante seu governo anterior, entre 1996 e 2001.