Andaluzia vota e anuncia revés ao governo do primeiro-ministro da Espanha
A Andaluzia, outrora reduto da esquerda, votou neste domingo (19) em eleições regionais que vislumbram um duro revés para os socialistas do chefe de governo, Pedro Sánchez, a um ano e meio das eleições gerais.
Segundo uma pesquisa da GAD3 para a emissora de TV pública andaluz e a espanhola, os conservadores do Partido Popular (PP) teriam a maioria absoluta (entre 58 e 61 deputados), quase duplicando o número de assentos do Partido Socialista (26-30).
Desta forma, o PP não precisaria da extrema-direita do Vox para governar, como acontece em Leão e Castela, o que teria comprometido a aposta na moderação do novo líder conservador nacional, Alberto Nuñez Feijóo.
"Tomara" que se confirmem os resultados da pesquisa, disse à imprensa o candidato do PP e presidente andaluz em fim de mandato, Juan Moreno Bonilla, mas "a noite é longa".
Mais de seis milhões de andaluzes foram convocados a votar nas províncias de Almería, Cádiz, Córdoba, Granada, Huelva, Jaén, Málaga e Sevilha, em um dia em que as temperaturas deram uma trégua, após uma semana de onda de calor e termômetros acima dos 40ºC.
As seções eleitorais abriram às 09h locais (4h de Brasília) e fecharam às 20h locais (15h de Brasília). Os resultados praticamente definitivos serão conhecidos às 22h (17h de Brasília).
Temendo que seus partidários, confiantes na vitória, aproveitem o dia para ir à praia, Moreno pediu uma forte mobilização ao votar em Málaga.
"Peço que jovens, idosos, mulheres, homens, o interior da Andaluzia, do litoral, todos vamos votar e tenhamos uma participação importante", apelou o presidente em fim de mandato.
A duas horas do fechamento das seções, 44,5% dos eleitores haviam votado, 1,9% a menos do que em 2018.
Segundo a pesquisa da GAD3, o Partido Socialista (PSOE) teve um resultado similar ao das eleições de 2018 (33), quando perdeu o poder regional pela primeira vez desde a instauração da autonomia em 1982, após um escândalo de corrupção.
PP foge da extrema-direita
A região mais populosa da Espanha, com 8,5 milhões de habitantes, e a segunda maior, tem sido até então um reduto da esquerda, e Sánchez apelou à história para pedir votos.
"Os maiores avanços desta terra chegaram pelas mãos do PSOE", assegurou o presidente no Twitter.
Estas poderiam ser as terceiras eleições regionais seguidas em que os socialistas de Pedro Sánchez seriam derrotados, após as de Madri, em maio do ano passado, e Castela e Leão, em fevereiro.
Uma "batalha morro acima" para Sánchez
Perder na Andaluzia seria "um duro golpe" para os socialistas e significaria que "Sánchez poderia enfrentar uma batalha morro acima para ser reeleito" no próximo ano, disse Antonio Barroso, analista da consultoria política Teneo.
"O PP parece estar ganhando cada vez mais força e a preocupação dos eleitores com a inflação dificultaria a Sáncez vender os feitos de seu governo nas próximas eleições legislativas", acrescentou.
A Espanha, com uma inflação de 8,7% interanual em maio, não escapou ao contexto internacional de carestia dos preços dos alimentos e da energia, mas suas principais medidas de choque - subvencionar o combustível ou estabelecer um teto ao preço do gás - não serviram para contê-los.
Na Andaluzia, o Partido Popular poderia atrair uma quantidade notável de ex-eleitores socialistas (quase 17% dos que votaram no PSOE em 2018, segundo uma pesquisa da Sigma Dos para El Mundo), do que se poderia reduzir que Feijóo está vencendo Sánchez na disputa pelo centro.
"Há uma estratégia muito visível" do PP de "se apresentar como essa alternativa sensata, um esforço em se apresentar como uma opção de centro, de centro direita", afirmou o professor Óscar García Luengo.
Um momento simbólico da derrota socialista seria deixar de ser, pela primeira vez, a força mais votada em Sevilha, berço do ex-chefe de governo Felipe González (1982-1996).
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