Primeira-dama do Peru vai ao Congresso, mas se abstém de responder perguntas
Lima, 13 Jul 2022 (AFP) - A esposa do presidente peruano, Pedro Castillo, Lilia Paredes, compareceu nesta quarta-feira (13) perante uma comissão do Congresso que investiga um caso de suposto tráfico de influência que envolve sua irmã, mas se negou a responder as perguntas dos legisladores.
"Por recomendação do meu advogado, me abstenho de declarar", respondeu Paredes a cada pergunta dos membros da Comissão de Fiscalização do Congresso, dominada pela oposição de direita.
Paredes foi convocada depois que um programa de TV dominical reportou que sua irmã, Yenifer, e um empresário do setor da construção ofereciam obras de saneamento em um povoado de Cajamarca, região do norte do Peru de onde ela e o presidente Castillo são originários.
Vários legisladores, entre eles a fujimorista Martha Moyano, tentaram convencê-la a responder, mas ela se negou, invocando reiteradamente a recomendação de seu advogado, Benji Espinoza, que estava sentando ao seu lado.
"Eu depus em 8 de julho no Ministério Público, podem pedir uma cópia ao Ministério Público, aí estão todas as perguntas", disse a primeira-dama de 49 anos, que é professora rural, assim como seu marido.
O Ministério Público tinha convocado Peredes pelo mesmo caso e ela respondeu todas as perguntas do procurador Jony Peña.
"A senhora está em todo o seu direito de permanecer em silêncio porque é um direito constitucional [...], mas, sim, é importante que a primeira-dama dê uma mensagem aos peruanos", disse Moyano, invocando Deus em uma tentativa de persuadi-la. Paredes é evangélica e seu esposo, católico.
Como continuava se abstendo de responder, dois legisladores sugeriram terminar a audiência, mas o presidente da Comissão, o opositor Héctor Ventura, continuou com as perguntas.
Após a sessão, que durou pouco mais de uma hora, Espinoza defendeu o direito de sua cliente de se manter em silêncio.
"Ninguém pode ser obrigado a depor e ninguém pode ser induzido a depor", disse o advogado.
O chefe da Comissão afirmou que Peredes "usou perfeitamente seu direito de se manter em silêncio" e comemorou que "tenha vindo a este palácio legislativo".
Ao contrário, para o parlamentar opositor radical Jorge Montoya, que não integra a Comissão de Fiscalização, sua negativa de responder as perguntas foi "um escárnio com o Congresso".
fj/gm/mvv
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