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Estreito de Taiwan em três grandes crises para entender relação com a China

Chiang Kai-shek e o Kuomintang fugiram para Taiwan - GETTY IMAGES
Chiang Kai-shek e o Kuomintang fugiram para Taiwan Imagem: GETTY IMAGES

03/08/2022 08h16Atualizada em 03/08/2022 08h43

O Estreito de Taiwan, que separa a ilha de mesmo nome da China continental, é um ponto de tensão geopolítica importante desde o fim da guerra civil chinesa em 1949 e já foi cenário de três graves crises militares.

Com largura de apenas 130 km em seu ponto mais estreito, o local é um importante canal de navegação internacional e a barreira natural que separa a pequena ilha de seu grande vizinho continental.

- Primeira crise -

Ao final da guerra civil chinesa em 1949, as forças comunistas de Mao Tsé-Tung conseguiram afastar os nacionalistas de Chiang Kai-shek, que se instalaram em Taiwan.

A primeira crise do Estreito de Taiwan aconteceu em agosto de 1954, quando os nacionalistas da República da China - nome oficial de Taiwan - mobilizaram milhares de soldados em Kinmen e Matsu, duas pequenas ilhas que ficam a poucos quilômetros do continente.

A China comunista respondeu com bombardeios de artilharia contra o arquipélago e tomou as ilhas Yijiangshan, que ficam 400 km ao norte de Taipé.

A crise quase provocou um conflito direto entre China e Estados Unidos.

- Segunda crise -

Um segundo confronto explodiu em 1958, quando as forças de Mao bombardearam Kinmen e Matsu com o objetivo de expulsar mais uma vez as tropas nacionalistas.

Temendo que a perda das ilhas resultasse na derrota dos nacionalistas e na tomada de Taiwan por Pequim, o presidente dos Estados Unidos, Dwight D. Eisenhower, ordenou que os militares americanos escoltassem e reabastecessem os aliados taiwaneses.

O governo dos Estados Unidos chegou a considerar o uso de armas nucleares contra a China. Sem conseguir tomar as ilhas próximas de suas costa nem derrotar os nacionalistas com seus bombardeios, Pequim anunciou um cessar-fogo e depois um status quo de tensão foi estabelecido - mas as tropas de Mao continuaram bombardeando Kinmen de forma intermitente até 1979.

- Terceira crise -

A terceira crise aconteceu 37 anos depois, um longo período em que China e Taiwan mudaram drasticamente.

Após a morte de Mao em 1976, a China permaneceu sob o controle do Partido Comunista, mas iniciou um período de reforma e abertura ao mundo.

Taiwan, ao mesmo tempo, saiu paulatinamente da ditadura de Chiang Kai-shek e começou a evoluir para uma democracia, o que resultou no desenvolvimento de uma forte identidade taiwanesa, diferente da chinesa.

As tensões explodiram novamente em 1995, quando Pequim começou a testar mísseis nas águas próximas a Taiwan para protestar contra a visita do líder taiwanês Lee Teng-hui aos Estados Unidos.

Lee defendia uma declaração formal de Taiwan como um Estado independente.

A China executou novos testes com mísseis um ano depois, enquanto Taiwan organizou suas primeiras eleições presidenciais por sufrágio universal direto.

Mas os testes se voltaram contra Pequim: o governo dos Estados Unidos enviou dois grupos de porta-aviões para forçar o recuo da China e Lee Teng-hui conquistou uma grande vitória eleitoral.

No ano seguinte, Newt Gingrich se tornou o primeiro presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos a visitar Taiwan, um precedente que Nancy Pelosi repetiu em 2022, 25 anos depois.