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Guerra da Rússia-Ucrânia

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Ucrânia anuncia conquistas militares em contraofensiva apoiada pelos EUA

Presidente da Ucrânia Volodymyr Zelensky - REUTERS/Viacheslav Ratynskyi
Presidente da Ucrânia Volodymyr Zelensky Imagem: REUTERS/Viacheslav Ratynskyi

08/09/2022 14h33

A Ucrânia anunciou nesta quinta-feira (8) que recuperou territórios conquistados pela Rússia e indicou que a contraofensiva manterá seu ímpeto graças à nova e milionária ajuda concedida pelos Estados Unidos para a compra de equipamentos militares.

"Nossos heróis já libertaram dezenas de cidades. E hoje esse movimento continuou", declarou o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, em pronunciamento à nação.

"No total, mais de mil quilômetros quadrados foram libertados desde 1º de setembro", acrescentou, pouco depois de anunciar que suas forças recuperaram o controle de Balakliya, na região de Kharkiv, sob controle russo desde março.

Nessa mesma região, situada no nordeste do país, as tropas ucranianas "avançaram 50 quilômetros além das linhas inimigas" e libertaram "mais de 20 cidades", relatou Oleksiy Gromov, um alto funcionário do Estado-Maior ucraniano.

As forças de Kiev também "libertaram várias cidades" no sul e avançaram nas áreas de Kramatorsk e Sloviansk, na bacia do Donbass (leste), disse a mesma fonte. 

Segundo Zelensky, a reconquista manterá seu ímpeto graças à ajuda militar anunciada durante uma visita surpresa a Kiev do chefe da diplomacia americana, Antony Blinken.

"Há importantes sinais de que os Estados Unidos estão com a gente. Para nós, é a garantia de que recuperaremos nossos territórios", declarou o presidente ucraniano durante uma coletiva conjunta com Blinken.

O novo pacote de ajuda totaliza US$ 2,6 bilhões para a Ucrânia e seus vizinhos. Inclui US$ 675 milhões em armas, munições e suprimentos e US$ 1 bilhão em empréstimos de longo prazo para a Ucrânia comprar equipamentos dos EUA.

Também inclui sistemas de lançadores de foguetes do tipo GMLRS, "obuseiros de 105 mm, munição de artilharia, Humvees (veículos), ambulâncias blindadas, sistemas antitanque, armas leves e muito mais", especificaram os Estados Unidos.

Zelensky disse repetidamente que pretendia retomar "todas as regiões sob ocupação russa", incluindo a península da Crimeia, que Moscou anexou em 2014. 

"Ainda é prematuro, mas estamos vendo um progresso claro e real em campo, especialmente na área de Kherson (sul), mas também desenvolvimentos interessantes no Donbass e no leste", disse Blinken a jornalistas.

- Apoio "contínuo" à Ucrânia -

Na semana passada, o exército ucraniano lançou uma contraofensiva no sul, mas esgotou suas armas fabricadas na Rússia e sua defesa agora depende inteiramente da ajuda militar ocidental. 

O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, reuniu-se com vários aliados na Base Aérea de Ramstein, na Alemanha, para discutir o apoio a Kiev. 

A reunião, a quinta do Grupo de Contato de Defesa da Ucrânia, visa demonstrar a "unidade e solidariedade" dos aliados da Ucrânia, disse o chefe do Estado-Maior dos EUA, general Mark Milley. Representantes de mais de 40 países e organizações internacionais participaram do evento. 

"Agora estamos vendo o sucesso demonstrável de nossos esforços comuns no campo de batalha", disse Austin. O general Milley assegurou, por sua vez, que a contraofensiva ucraniana era "constante e planejada". 

No entanto, ele acrescentou que ainda é "muito cedo" para fazer uma avaliação abrangente do desempenho das tropas de Kiev. 

O presidente dos EUA, Joe Biden, falará com seus aliados por telefone nesta quinta-feira para "ressaltar" o "apoio contínuo à Ucrânia", disse um funcionário da Casa Branca, que pediu anonimato.

Os Estados Unidos são o maior fornecedor de ajuda militar à Ucrânia e disponibilizaram cerca de US$ 15,2 bilhões em armas desde o início do conflito, incluindo mísseis antitanque Javelin, peças de artilharia e projéteis compatíveis com os sistemas de artilharia da Otan. 

Kiev quer armas de longo alcance do tipo ATACMS, com um raio de 300 km, mas os Estados Unidos se recusam a entregá-las, por medo de que possam atingir alvos em território russo, o que poderia levar a um agravamento do conflito. 

"A política atual dos EUA é que não enviemos ATACMS", disse o general Milley. "Acreditamos que o alcance dos Himars é suficiente para atender às necessidades dos ucranianos em sua luta atual", acrescentou. 

A artilharia é decisiva neste conflito. Os exércitos ucraniano e russo estão envolvidos em uma guerra de desgaste que consome munição abundante.

A Rússia disse nesta quinta-feira que atacou cinco postos de comando e derrubou 13 drones. O primeiro-ministro russo, Mikhail Mishustin, disse que a Rússia resistiu às sanções ocidentais impostas pela guerra melhor do que o esperado. 

"Eles não conseguiram atingir seu objetivo principal. Eles não conseguiram minar nossa estabilidade financeira", disse Mishustin, lembrando que o PIB caiu pouco mais de 1% em relação ao ano anterior nos primeiros seis meses de 2022. 

Desde o início da invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro, o Ocidente tenta isolar a Rússia em todas as frentes. 

A Polônia e os países bálticos anunciaram nesta quinta-feira a restrição temporária à entrada em seus territórios de cidadãos russos com vistos europeus.

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© Agence France-Presse