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Irã prende número 'sem precedentes' de mulheres jornalistas, diz ONG

O presidente ultraconservador do Irã Ebrahim Raisi - Atta Kenare/AFP
O presidente ultraconservador do Irã Ebrahim Raisi Imagem: Atta Kenare/AFP

09/11/2022 12h01Atualizada em 09/11/2022 12h23

O Irã busca, sistematicamente, silenciar as mulheres, detendo um número sem precedentes de jornalistas do sexo feminino em sua ofensiva aos protestos pela morte da jovem curda Mahsa Amini - disse a ONG Repórteres sem Fronteiras (RSF) nesta quarta-feira (9).

"À medida que o regime iraniano continua sua repressão dos protestos iniciados pela morte de Mahsa Amini, quase metade dos jornalistas presos recentemente é mulher, incluindo duas que enfrentam a pena de morte", declaroua ONG.

"A crescente detenção de mulheres jornalistas revela, simbolicamente, a intenção do regime iraniano de silenciar, de forma sistemática, as vozes das mulheres", afirmou a organização em um comunicado.

O Irã se vê afetado pelos protestos que eclodiram quando Amini, de 22 anos, morreu sob custódia policial, em 16 de setembro. A jovem havia sido detida por uma suposta violação do rígido código de vestimenta da República Islâmica para as mulheres.

Esta semana, o governo iraniano indiciou Niloufar Hamedi e Elahe Mohamadi - as duas primeiras jornalistas de veículo impresso a trazerem a morte de Amini à atenção pública - por "propaganda contra o sistema e conspiração para agir contra a segurança nacional". Estas acusações podem levar à pena de morte.

A RSF disse estar "profundamente preocupada com o destino dessas jornalistas, que correm o risco de pagar um preço muito alto, incluindo a pena de morte, por terem tido a coragem de revelar uma verdade que as autoridades tentam sufocar".

"Elas devem ser soltas imediata e incondicionalmente", reivindicou.

Desde o início dos protestos, pelo menos 42 jornalistas foram presos em todo Irã, segundo a RSF. Até agora, oito deles foram liberados. As mulheres representam 15 dos 34 profissionais ainda detidos, acrescentou essa organização com sede em Paris.