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Sob pressão, ministra da Defesa da Alemanha renuncia

Christine Lambrecht pediu demissão em meio a uma série de erros cometidos por ela - REUTERS/Radovan Stoklasa
Christine Lambrecht pediu demissão em meio a uma série de erros cometidos por ela Imagem: REUTERS/Radovan Stoklasa

16/01/2023 07h33

A ministra alemã da Defesa, Christine Lambrecht, apresentou sua renúncia ao chefe de Governo, Olaf Scholz, nesta segunda-feira (16), enfraquecida por uma série de erros e controvérsias.

Lambrecht estava no centro das críticas, especialmente depois de ter publicado um vídeo de felicitações de Ano Novo, no qual agradeceu pelos "encontros" que a guerra na Ucrânia permitiu-lhe ter.

"O foco da mídia em mim por meses não permite relacionamentos e discussões objetivas sobre os soldados, o Bundeswehr (o Exército alemão) e as orientações da política de segurança no interesse dos cidadãos alemães", lamentou Lambrecht, em um comunicado transmitido à imprensa. 

Nesse contexto, "pedi ao chanceler (Scholz) hoje (segunda-feira) para me dispensar das minhas funções como ministra da Defesa", acrescentou.

O nome de seu sucessor, ou sucessora, ainda não foi divulgado, mas vários nomes circulam na imprensa, como Eva Högl, comissária da Defesa no Parlamento alemão e responsável por um relatório anual sobre o Exército, ou Lars Klingbeil, líder do partido de Lambrecht, o SPD.

Este anúncio ocorre em um momento em que a Alemanha é pressionada para fornecer tanques à Ucrânia.

Nesta sexta-feira (20), haverá um encontro dos aliados ocidentais, na base americana de Ramstein, no oeste da Alemanha, com a previsão de anúncio de uma nova ajuda para a Ucrânia.

"O trabalho valioso dos soldados e de muitas pessoas motivadas deve estar em primeiro plano", disse a ministra.

Lambrecht, uma social-democrata de 57 anos, foi ministra da Justiça no governo de coalizão anterior de Angela Merkel.

Desde o início da guerra na Ucrânia, no final de fevereiro, a ministra se envolveu em uma série de polêmicas.

Há poucos dias, o chefe de Governo alemão, Olaf Scholz, manifestou seu firme apoio a Lambrecht, mas o aumento das rejeições à ministra fez seu posicionamento oscilar.

Lambrecht foi criticada por Kiev ao anunciar o envio de 5.000 capacetes, depois de o governo do presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, ter pedido armas pesadas. Também usou um helicóptero do Exército para tirar férias com seu filho.

No início de janeiro, o vídeo, no qual celebrava o novo ano, foi a gota d'água. Nele, a ministra apareceu no centro de Berlim, falando sobre a guerra na Ucrânia, em meio a explosões de bombinhas e fogos de artifício comemorativos.

"Uma guerra faz estragos na Europa", disse a ministra no vídeo, referindo-se aos "muitos, muitos encontros com pessoas interessantes e formidáveis" que teve graças ao conflito. 

"Eu agradeço por tudo isso", insistiu. 

Lambrecht também é criticada pelas carências do Exército, cujo material está bastante desatualizado e tem problemas para modernizá-lo. Em meados de dezembro, a Alemanha cancelou novos pedidos de tanques Puma, após uma série de falhas.

Na última pesquisa do instituto Insa, Lambrecht ficou em último lugar entre as figuras políticas, atrás dos colíderes do partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD). Outra pesquisa mostrou que 77% dos alemães queriam sua renúncia.

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© Agence France-Presse