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Policiais acusados pela morte de Tyre Nichols nos EUA declaram inocência

Foto exposta em igreja mostra Tyre Nichols segurando sua filha - Lucy Garrett/Getty Images via AFP
Foto exposta em igreja mostra Tyre Nichols segurando sua filha Imagem: Lucy Garrett/Getty Images via AFP

17/02/2023 14h21

Os cinco agentes acusados de espancar Tyre Nichols, um americano negro de 29 anos, até à morte em janeiro, declararam-se inocentes nesta sexta-feira (17), em um novo caso de violência policial que suscitou temores de uma convulsão social nos Estados Unidos.

Os policiais, que também são negros e foram demitidos após o fato, compareceram perante um júri na cidade de Memphis, no Tennessee, sul dos Estados Unidos, e seus advogados disseram que eles se declaravam "não culpados".

São eles Tadarrius Bean, Demetrius Haley, Justin Smith, Emmitt Martin III e Desmond Mills Jr. Eles são acusados de homicídio, lesão corporal qualificada, sequestro qualificado, má conduta profissional e abuso de autoridade

A mãe de Nichols estava presente no tribunal, assim como seu advogado, Ben Crump, que costuma trabalhar em casos envolvendo violência policial.

A próxima audiência foi marcada para 1º de maio.

O juiz James Jones Jr pediu ao público "paciência" e tolerância. 

"Todos os envolvidos querem que o caso seja encerrado o mais rápido possível", afirmou. "Mas é importante que todos entendam que o estado do Tennessee, assim como cada um desses acusados, têm o direito absoluto a um julgamento justo", completou.

Em entrevista coletiva após a audiência, Ben Crump pareceu atender ao pedido do magistrado ao exigir providências "rápidas". "Não queremos que isso dure para sempre. Temos vídeos", disse ele.

- "Olhar nos olhos" -

Os vídeos da detenção se tornaram públicos e foram transmitidos nos canais mais importantes do país.

A mãe do jovem assassinado disse que comparecerá a todas as audiências "até que se obtenha justiça". 

"E eu quero que cada um desses policiais consiga me olhar nos olhos. Ainda não fizeram isso (...), não tiveram nem coragem de me olhar nos olhos depois do que fizeram ao meu filho", acrescentou.

Nichols foi detido em 7 de janeiro por agentes da unidade especial de Memphis por uma infração de trânsito.

O jovem foi espancado seguidas vezes, a ponto de ficar com o rosto irreconhecível, segundo sua família, e morreu três dias depois no hospital.

Crump negou na sexta-feira os rumores de que um dos policiais tinha ligação com a vítima e que havia um motivo "pessoal" para a prisão do jovem. 

"Esses rumores que estão circulando são falsos", insistiu. A unidade a que pertenciam os agentes "tinha uma tendência sistemática de fazer isso com os negros de Memphis. Isso é tudo. Não precisa ir mais longe."

A vice-presidente Kamala Harris foi ao funeral de Nichols, e os pais dele foram convidados a assistir ao discurso do presidente Joe Biden sobre o Estado da União em Washington.

Esse episódio relembrou a morte de outro homem negro, George Floyd, assassinado por um policial branco em maio de 2020. Manifestações contra o racismo e a violência policial sacudiram o país com o lema "Black Lives Matter".

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© Agence France-Presse