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Cuba renova Assembleia Nacional com aumento de participação eleitoral

Eleição contou com a participação de 75,92% da população votante, número que supera os resultados das últimas eleições na ilha. - Yamil Lage - 26.nov.2016/AFP
Eleição contou com a participação de 75,92% da população votante, número que supera os resultados das últimas eleições na ilha. Imagem: Yamil Lage - 26.nov.2016/AFP

27/03/2023 12h25

Cuba renovou seu Parlamento com uma ratificação cidadã para os 470 candidatos propostos a ocuparem o mesmo número de assentos, em uma eleição com a participação de 75,92% da população votante, número que supera os resultados das últimas eleições na ilha, informou o Conselho Nacional Eleitoral (CEN) nesta segunda-feira (27).

Os resultados preliminares "validam a eleição dos 470 candidatos propostos" para a Assembleia Nacional do Poder Popular, confirmou Alina Balseiro, presidente do CEN em coletiva de imprensa.

Dos 8,1 milhões de cidadãos habilitados a votar, 6,1 milhões compareceram, "representando 75,92% das cédulas eleitorais", explicou.

A abstenção era a única preocupação nesta eleição, sobretudo pelo interesse da dissidência, que incentivou a não participação da população.

O resultado das eleições foi questionado pela oposição, considerada ilegal no país, mas representa um importante aumento em comparação aos 68,5% que compareceram às eleições municipais de novembro de 2022, o menor resultado desde a entrada em vigor, em 1976, do atual sistema eleitoral.

A tendência à abstenção vinha ocorrendo há anos e foi percebida, também, nos resultados dos referendos sobre o Código da Família (74,12%), em setembro, e sobre a Constituição (90,15%), em 2019.

Em Cuba, onde o voto não é obrigatório, a maioria dos candidatos são membros do Partido Comunista (PCC), o único partido legal da ilha.

Nas últimas semanas, os 470 candidatos, liderados pelo presidente Miguel Díaz-Canel, realizaram uma inusitada e intensa campanha de proselitismo para ouvir as demandas da população.

Os eleitores encontraram duas opções na cédula: o nome de cada candidato de seu distrito ou a opção de votar "por todos", o que implica apoiar os 470.

Segundo Balseiro, 72% ratificaram a opção de "votar em todos" e apenas 27,90% marcaram diretamente na cédula o nome do candidato do seu distrito.

Denúncia da oposição

O governo fez uma intensa campanha a favor do "voto para todos", argumentando que esta alternativa representaria a unidade da revolução e de seu sistema socialista, mas ela também permitiu que os candidatos chegassem a 50% dos votos válidos com mais flexibilidade, requisito para os candidatos serem eleitos.

Enquanto isso, 6,22% dos votos foram anulados e 3,50% ficaram em branco.

A oposição, por sua vez, formada pela associação dos grupos Observadores de Direitos Eleitorais, Cidadãos Observadores de Processos Eleitorais e Comissão Cubana de Defesa Eleitoral (COCUDE), denunciou que as eleições "foram as mais irregulares de sua história", enfatizando que "foi desencadeada uma repressão contra ativistas e observadores que tentaram monitorar o processo".

As eleições presidenciais, que ocorrem em 19 de abril, serão votadas pelos deputados da nova Assembleia. Díaz-Canel, o primeiro a assumir o poder no país após os irmãos Fidel e Raúl Castro, deve concorrer à reeleição para um segundo e último mandato.