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Filho mais velho do presidente da Colômbia irá a juízo por lavagem de dinheiro

O filho mais velho do presidente da Colômbia, Gustavo Petro, foi chamado a juízo, nesta quinta-feira (11), por um promotor, que o acusa de lavagem de dinheiro pelo possível financiamento da campanha de seu pai com recursos do narcotráfico.

"Chama-se a juízo o senhor Nicolás Fernando Petro Burgos", afirmou o promotor Mario Burgos durante uma audiência de acusação perante um juiz da cidade de Barranquilla (norte), onde mora o ex-congressista.

Petro Burgos deverá se apresentar novamente em 29 de abril para uma "audiência preparatória" do julgamento, informou o juiz encarregado do caso, Hugo Carbonó.

As acusações apresentadas pelo Ministério Público têm como base o testemunho da ex-esposa de Nicolás Petro, Daysuris Vásquez, que, após um episódio de infidelidade, apontou que ele recebeu grandes somas de dinheiro em espécie de Samuel Santander Lopesierra, condenado por narcotráfico nos Estados Unidos.

O promotor Burgos denunciou o filho do presidente, capturado em julho, por supostamente "adquirir, investir, ocultar, encobrir e dar aparência de legalidade" a dinheiro obtido de forma irregular, além de "aumentar de forma injustificada" seu "patrimônio econômico".

Segundo o Ministério Público, Samuel Santander Lopesierra deu a Nicolás Petro cerca de 400 milhões de pesos (cerca de R$ 500 mil), assim como Alfonso "el turco" Hilsaca, um negociante acusado no passado pelo MP de financiar grupos paramilitares e planejar homicídios.

Uma parte do dinheiro teria sido utilizada na campanha presidencial de 2022 e o restante foi gasto por Nicolás Petro em uma vida de luxos, de acordo com a acusação. O presidente, por sua vez, nega ter utilizado esse dinheiro para chegar ao poder.

'Fatos claros e precisos'

Os votos da região do Caribe - onde Nicolás Petro fez sua carreira política - foram decisivos para a vitória de Gustavo Petro, que em agosto de 2022 se tornou o primeiro presidente de esquerda da Colômbia.

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Na audiência desta quinta, a defesa de Nicolás Petro pediu a anulação de todo o processo contra seu cliente, argumentando falta de clareza do Ministério Público ao expor os fatos que dão base à acusação.

"Os fatos de imputação foram claros e precisos e nenhuma garantia foi afetada", afirmou o juiz do caso, Hugo Carbonó, ao rejeitar o pedido da defesa.

Nicolás Petro foi preso em julho de 2023 em seu domicílio, ao lado de sua nova companheira, em uma operação midiática.

Inicialmente, o filho do presidente se disse aberto a colaborar com o MP, mas depois mudou de advogado e decidiu rechaçar as acusações. Agora, ele se defenderá em um julgamento.

Em liberdade condicional desde o início de agosto, Nicolás nega que seu pai tinha conhecimento sobre o uso do dinheiro na campanha.

Juízes e congressistas

O presidente, por sua vez, não nega as acusações contra seu filho e marcou distância em relação a Nicolás ao garantir que jamais seria cúmplice desses crimes.

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Segundo o Ministério Público, em 2022 Nicolás Petro comprou com dinheiro vivo vários bens de luxo, entre eles um carro Mercedes-Benz avaliado em cerca de 50.000 dólares (R$ 250.000); gastos que excediam o salário que ele recebia como deputado naquele momento.

Em um mapa de envolvidos apresentado pelo MP não aparece Gustavo Petro, mas sim sua esposa e madrasta de Nicolás, Verónica Alcocer. O presidente não se manifestou após a decisão desta quinta.

Por estes mesmos fatos, Gustavo Petro é investigado pelo Congresso, onde ele não tem maioria. Eventualmente, o Legislativo poderia abrir um processo de impeachment e destitui-lo, mas este trâmite ainda se encontra em fase preliminar.

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