Opositora de Maduro diz que corre risco de ser presa por nova lei sugerida pelo governo
A líder venezuelana María Corina Machado, principal adversária do presidente Nicolás Maduro, mas inabilitada politicamente, alertou nesta quarta-feira (3) que corre o risco de ser presa sem justificativa, em um momento em que o Parlamento discute uma lei "contra o fascismo" que tem como alvo a oposição.
Machado enviou uma carta aos 18 países mais a União Europeia (UE) que participaram de uma conferência sobre a Venezuela em Bogotá, em 25 de abril do ano passado, focada no alívio de sanções em troca de condições eleitorais.
"Minhas equipes em todo o país correm o risco de desaparecimentos forçados e eu mesma poderia ser alvo de uma detenção injustificada", advertiu no texto que publicou em suas redes sociais.
Machado foi muito bem nas primárias da oposição majoritária para ser a candidata nas eleições presidenciais de 28 de julho, mas uma proibição para exercer cargos públicos por 15 anos, que ela rejeita, a impediu de se inscrever no processo.
Sua substituta, a acadêmica Corina Yoris, também não pôde se registrar, o que gerou críticas de governos aliados de Caracas como os do Brasil e da Colômbia.
"Seguem me impedindo de sair do país e até de pegar voos dentro da Venezuela, enquanto muitas das pessoas que apoiam meus atos de campanha são alvo de represálias", denunciou, destacando a prisão de oito colaboradores e a ordem de captura de outros sete, seis deles refugiados na embaixada argentina.
Hoy he enviado esta carta a los gobiernos de Alemania, Argentina, Barbados, Bolivia, Brasil, Canadá, Chile, España, Estados Unidos, Francia, Honduras, Italia, México, Noruega, Portugal. Reino Unido, San Vicente y las Granadinas, Sudáfrica, así como al Alto Representante de la UE… pic.twitter.com/CDK46siyOw
-- María Corina Machado (@MariaCorinaYA) April 3, 2024
Maduro tachou o partido de Machado de "movimento terrorista" e, no Parlamento, promoveu uma lei para punir "o fascismo", termo que usa normalmente para se referir a opositores e considerado por críticos como uma forma de intimidar a oposição.
O projeto, aprovado em primeira discussão, contempla prisão por até 12 anos e multas de 50.000 a 100.000 dólares (252.000 a 504.000 reais).
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