Blinken pressiona Hamas para que aceite proposta de trégua em Gaza
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, pediu, nesta terça-feira (20), ao Hamas que aceite a última proposta americana de cessar-fogo na Faixa de Gaza, afirmando que o tempo está se esgotando após mais de dez meses de guerra com Israel no território palestino.
Blinken, que chegou na terça-feira ao Catar após sua passagem por Israel e Egito, assegurou aos jornalistas, antes de deixar o aeroporto de Doha, que o tempo "urge" para alcançar um cessar-fogo.
Ele acrescentou que os Estados Unidos se opõem a uma ocupação israelense "a longo prazo" de Gaza.
O Exército israelense anunciou nesta terça que recuperou na Faixa de Gaza os corpos de seis reféns sequestrados em 7 de outubro de 2023 no sul do país, durante o ataque dos milicianos islamistas que desencadeou a guerra.
Nas últimas semanas, Israel e Hamas se acusaram mutuamente de bloquear um acordo por um cessar-fogo e pela troca dos reféns mantidos em Gaza por palestinos presos em Israel, que encerraria uma guerra que já deixou milhares de mortos no território palestino.
Blinken, que concluiu sua nona viagem ao Oriente Médio desde o início do conflito, se reuniu em Doha com o ministro de Estado do Catar, Mohammed bin Abdulaziz al Khulaifi. No entanto, não se encontrou com o emir Tamim Bin Hamad al Thani, como estava previsto.
Antes, Blinken se encontrou na cidade egípcia de El Alamein com o presidente desse país, Abdel Fattah al-Sissi, que defendeu um "cessar-fogo em Gaza".
- 'Luz verde' dos EUA -
Na segunda-feira, após reuniões em Israel, o secretário de Estado americano avaliou que esta poderia ser "talvez a última oportunidade de trazer os reféns de volta para casa" e "obter um cessar-fogo".
Segundo Blinken, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, lhe "confirmou" que seu governo "aceita o plano de acordo" para um cessar-fogo apresentado por Washington e instou o Hamas a "fazer o mesmo".
O presidente americano, Joe Biden, acusou o movimento islamista palestino de "se distanciar" das negociações.
O Hamas respondeu que essas declarações "não refletem a posição real do movimento, que deseja alcançar um acordo de cessar-fogo" e, ao contrário, dão a "luz verde americana" para Israel continuar com a guerra.
Na sexta-feira, após dois dias de conversas em Doha entre os negociadores israelenses e os países mediadores - Estados Unidos, Catar e Egito -, Washington anunciou uma nova proposta de acordo, que foi rejeitada pelo Hamas.
O grupo palestino acusou os Estados Unidos de incluírem "novas condições" de Israel no plano apresentado por Biden no final de maio.
Essas "novas condições" se referem principalmente à manutenção de suas tropas na fronteira de Gaza com o Egito e "um direito de veto" à inclusão de alguns presos palestinos que poderiam ser trocados pelos reféns mantidos pelo Hamas.
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Em declarações reportadas por familiares de reféns sequestrados pelo Hamas, Netanyahu afirmou que Israel insistirá em manter o controle do Corredor Filadélfia, como é chamada a faixa fronteiriça que separa Gaza do Egito.
Essas declarações foram criticadas por um funcionário da comitiva de Blinken.
"Declarações maximalistas como essas não são construtivas para se chegar a um acordo de cessar-fogo", apontou.
O governo israelense também está sendo pressionado pelo Fórum das Famílias dos Reféns, que lhe instou a "fazer tudo o que estiver ao seu alcance para finalizar o acordo que está sobre a mesa".
O Hamas aceitou em julho um plano apresentado por Biden no fim de maio e exige sua aplicação estrita.
Este plano prevê, em uma primeira fase, seis semanas de cessar-fogo durante as quais as tropas israelenses se retirariam das áreas densamente povoadas de Gaza e uma parte dos reféns sequestrados em 7 de outubro seria libertada.
Em uma segunda fase, as tropas israelenses se retirariam totalmente da Faixa de Gaza.
- Bombardeio em uma escola -
Netanyahu insiste em prosseguir com a guerra até a destruição do Hamas, que governa Gaza desde 2007.
No ataque de 7 de outubro de 2023, comandos islamistas mataram 1.199 pessoas, a maioria civis, e sequestraram 251 no sul de Israel, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.
Do total de sequestrados, 105 ainda estão em Gaza, embora 34 tenham sido declarados mortos pelo Exército israelense.
A ofensiva israelense em Gaza deixou pelo menos 40.173 mortos, segundo o Ministério da Saúde do território palestino.
Os bombardeios israelenses continuam sem descanso na Faixa, onde quase todos os 2,4 milhões de habitantes foram deslocados.
A Defesa Civil de Gaza anunciou, nesta terça-feira, a morte de pelo menos 12 palestinos em um bombardeio contra uma escola na Cidade de Gaza, onde estavam abrigados. Segundo o Exército israelense, no estabelecimento havia "terroristas escondidos".
Além disso, seis pessoas morreram em um ataque do Exército israelense em Rafah, no sul do território, segundo fontes médicas.
Para Washington, uma trégua em Gaza ajudaria a evitar um possível ataque do Irã e de seus aliados - o movimento libanês Hezbollah, o Hamas e os rebeldes huthis do Iêmen - contra Israel.
A República Islâmica do Irã ameaçou Israel após os assassinatos do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, e do comandante militar do Hezbollah.
A frente mais preocupante neste momento é a fronteira com o Líbano, com hostilidades quase diárias entre os soldados israelenses e os combatentes do Hezbollah.
Na madrugada desta quarta-feira (horário local, noite de terça em Brasília), o Ministério da Saúde libanês informou que uma pessoa morreu e outras 19 ficaram feridas por bombardeios israelenses no Vale do Beqaa, no leste do país.
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© Agence France-Presse
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