Governo talibã do Afeganistão quer proibir publicação de imagens de seres vivos na imprensa

O Ministério da Moralidade do Talibã do Afeganistão prometeu nesta segunda-feira (14) implementar gradualmente uma lei que proíbe a mídia de publicar imagens de qualquer ser vivo.

"A lei se aplica a todo o Afeganistão (...) e será implementada gradualmente", disse à AFP o porta-voz do Ministério da Propagação da Virtude e Prevenção do Vício, Saiful Islam Khyber, segundo o qual as imagens de seres vivos são contrárias à lei islâmica.

O governo talibã promulgou recentemente um pacote de 35 artigos de lei para "promover a virtude e prevenir o vício" entre a população, em conformidade com a Sharia (lei islâmica) imposta desde seu retorno ao poder no Afeganistão em 2021.

O texto contém várias medidas voltadas para a mídia, incluindo a proibição de publicar imagens de seres vivos, "conteúdo hostil à Sharia e à religião" ou que "humilhe os muçulmanos".

Entretanto, alguns aspectos da nova lei ainda não foram estritamente implementados.

As autoridades disseram que estão informando os jornalistas sobre a implementação gradual da medida.

Na província central de Ghazni, funcionários do Ministério da Propagação da Virtude e Prevenção do Vício convocaram a imprensa local no domingo para anunciar que a implementação da regra começaria.

Eles aconselharam os repórteres a tirar fotos de mais longe ou a parar de filmar para "se acostumar", disse à AFP um jornalista que pediu anonimato.

Reuniões semelhantes foram realizadas em outras partes do país.

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A publicação de imagens de seres vivos já havia sido proibida durante o governo anterior do Talibã, de 1996 a 2001.

Embora não tenham reimposto essa lei em grande escala desde que retornaram ao poder em 2021, os talibãs já aplicavam esporadicamente algumas formas de censura.

Por exemplo, os lojistas já eram obrigados a riscar o rosto de mulheres em pôsteres ou anúncios, a cobrir a cabeça de manequins em vitrines com sacos plásticos ou a cobrir os olhos de peixes retratados em cardápios de restaurantes.

Quando o Talibã voltou ao poder, o Afeganistão tinha 8.400 funcionários de mídia, incluindo 1.700 mulheres. Agora são apenas 5.100, incluindo 560 mulheres, de acordo com fontes da profissão.

Além disso, dezenas de meios de comunicação foram fechados e, em três anos, o Afeganistão caiu da 122ª para a 178ª posição entre 180 no Índice de Liberdade de Imprensa da Repórteres Sem Fronteiras (RSF).

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© Agence France-Presse

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