Discurso de ódio na internet tem mulheres negras como principal alvo
Um estudo recém-concluído mostra que as mulheres negras são o principal alvo de comentários depreciativos nas redes sociais. Os dados estão na tese de doutorado defendida na Universidade de Southampton, na Inglaterra, pelo pesquisador brasileiro e PHD em Sociologia Luiz Valério Trindade. Ele analisou mais de 109 páginas de Facebook e 16 mil perfis de usuários. O levantamento também incluiu 224 artigos jornalísticos que abordaram dezenas de casos de racismo nas redes sociais brasileiras entre 2012 e 2016. Luiz Valério constatou que 65% dos usuários que disseminam intolerância racial são homens na faixa de 20 e 25 anos. Já 81% das vítimas de discurso depreciativo nas redes sociais são mulheres negras entre 20 e 35 anos. De acordo com Luiz Valério, as mulheres negras causam muito incômodo em um modelo de construção social machista e racista. As principais vítimas de agressões nas redes são médicas, jornalistas, advogadas e engenheiras negras. "A partir do momento em que essas mulheres negras ascendem socialmente, adquirem maior escolaridade, elas se engajam em profissões de maior visibilidade e maior qualificação. Isso entra em choque com aquele modelo que diz que a mulher negra tem que estar associada ou engajada em atividades subservientes e de baixa qualificação", afirmou o pesquisador.