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Corregedoria da polícia investigará demora em perícia de explosivo

Em 11 de agosto, Fábio Hideki apareceu pela 1ª vez em público após ficar detido no presídio do Tremembé - Reprodução/Território Livre
Em 11 de agosto, Fábio Hideki apareceu pela 1ª vez em público após ficar detido no presídio do Tremembé Imagem: Reprodução/Território Livre

Em São Paulo

18/08/2014 18h21

A Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo investiga porque o Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) demorou 33 dias para encaminhar para perícia o suposto material explosivo, apreendido com os dois ativistas acusados de serem black blocs.

A suspeita é a de que o escrivão responsável pelo caso não tenha enviado o artefato para o Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais da Polícia Militar) em um prazo útil, invalidando a prova. Segundo investigadores, por se tratar de um líquido inflamável, as propriedades químicas explosivas podem ter evaporado enquanto o artefato ficou parado no Deic.

O professor de inglês Rafael Marques Lusvarghi, 29, e o técnico laboratorial Fábio Hideki Harano, de 26, tiveram as prisões revogadas pela Justiça no último dia 7, depois que laudos da Polícia Científica e da PM comprovaram que o líquido que a polícia diz ter encontrado com eles não apresentava propriedades explosivas.

Ativistas vão responder processo em liberdade

Luiz Eduardo Greenhalgh, advogado de Harano, não acredita em erro do Deic. "A polícia demorou para submeter à perícia porque os policiais que colocaram isso na bolsa fizeram apenas para justificar a prisão preventiva. Demoraram para mantê-los presos", afirmou.

O jornal "O Estado de São Paulo" apurou que o suposto artefato explosivo ficou dentro do Deic entre os dias 23 de junho, o mesmo dia em que a dupla foi presa, e 25 de julho, quando então o material foi encaminhado para o Gate. No mesmo dia, a PM enviou o líquido para o Instituto de Criminalística.

Em 4 de agosto, 11 dias depois da Polícia Civil enviar o suposto explosivo para perícia, o Gate recebeu o resultado dos testes. O laudo foi enviado para o Deic e o TJ (Tribunal de Justiça). O atraso, de acordo com a Secretaria de Estado de Segurança Pública, é alvo de investigação da Corregedoria da Polícia Civil desde o dia 31 de julho.

Foi justamente a acusação de porte de material explosivo que manteve a prisão preventiva dos dois acusados. Pelo estatuto do desarmamento, a acusação feita pela Polícia Civil e o Ministério Público Estadual, aceita pela Justiça, equivale ao porte ilegal de arma de fogo.

O advogado de Harano afirma que a prisão de seu cliente foi "política" e eleitoreira. Durante uma coletiva de imprensa na última quarta-feira (13) o ativista afirmou que o explosivo foi forjado pelo Deic.

Harano contou que durante o depoimento para o escrivão responsável pelo caso, um outro policial do departamento apresentou o suposto artefato. O ativista tinha sido detido dentro da Estação Consolação da Linha 2-Verde do Metrô, após uma manifestação pacífica contra a Copa do Mundo na avenida Paulista. Ele afirmou que durante a revista os investigadores não encontraram nenhum explosivo em sua bolsa e também afirma não ser black bloc.