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Obra contra crise hídrica vira 'toboágua' na Grande São Paulo

Moradores de Ribeirão Pires nadam em canal da transposição de água da Billings para o Sistema Alto Tietê, principal obra contra contra a crise hídrica em SP em 2015 - Acervo pessoal
Moradores de Ribeirão Pires nadam em canal da transposição de água da Billings para o Sistema Alto Tietê, principal obra contra contra a crise hídrica em SP em 2015 Imagem: Acervo pessoal

Em São Paulo

02/03/2016 10h13

Após inundar ruas e imóveis em Ribeirão Pires e ser temporariamente embargada pela prefeitura, a transposição de água da represa Billings para o sistema Alto Tietê virou um arriscado ponto de lazer e esporte de aventura para os moradores da cidade do ABC paulista. A obra foi feita pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) e inaugurada em setembro de 2015 pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) para evitar o rodízio oficial no abastecimento de água da região metropolitana.

Desde meados de dezembro do ano passado, quando a transposição atingiu 100% da capacidade de transferência, crianças e até adultos têm aproveitado a força dos 4.000 litros de água bombeados por segundo para nadar e praticar a modalidade "boia cross", em que a pessoa desce o rio sobre uma boia, sem equipamentos de proteção. A diversão ocorre aos finais de semana em dias de calor no canal construído pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) para evitar o assoreamento do Rio Taiaçupeba-Mirim com a transposição da Billings.

"Depois de tanto problema, o canal virou agora a grande atração da molecada. Nos finais de semana isso aqui enche de gente. Acho um pouco perigoso porque o pessoal fica muito perto do local onde a Sabesp lança a água", disse o representante comercial Sérgio Leão, 42, morador vizinho ao canal. A Sabesp informou que entrará em contato com o DAEE e com a Prefeitura de Ribeirão Pires para discutir a instalação de placas de sinalização ao longo do canal, alertando para o risco de balneabilidade no local.

Em outubro, a reportagem revelou que duas semanas após ter sido inaugurada por Alckmin com quatro meses de atraso, a transposição de água da Billings para o Alto Tietê foi paralisada para que o DAEE fizesse o desassoreamento e a canalização do Rio Taiaçupeba-Mirim no local de lançamento da água. À época, a Prefeitura de Ribeirão Pires havia embargado a obra porque o bombeamento inundou ruas e imóveis do bairro Ouro Fino.

Após acordo entre a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, a Sabesp e o DAEE, o bombeamento foi retomado em outubro com apenas mil litros por segundo, 25% da capacidade, até que as obras para mitigar os impactos da transposição fossem concluídas. A transferência de água foi elevada gradativamente até atingir plena carga no dia 11 de dezembro, segundo a Sabesp. A obra custou cerca de R$ 130 milhões e havia sido prometida por Alckmin para maio de 2015.

A água é captada pela companhia do sistema Rio Grande, braço da Billings que não sofreu com a estiagem, para a represa Taiaçupeba, em Suzano, onde fica a estação de tratamento de água do sistema Alto Tietê, que abastece a porção leste da Grande São Paulo. O líquido percorre cerca de 11 km por uma tubulação construída pela Sabesp até ser lançada no rio Taiaçupeba-Mirim, onde segue por mais 11 km até a represa Taiaçupeba. Segundo o presidente da Sabesp, Jerson Kelman, essa é a principal ação emergencial para evitar o rodízio na capital e ajudar a recuperar o nível do sistema Alto Tietê.