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Na Central do Brasil, Witzel é confrontado com placa em homenagem a Marielle

Luciano Belford/Agência O Dia/Estadão Conteúdo
Imagem: Luciano Belford/Agência O Dia/Estadão Conteúdo

Roberta Pennafort

Rio

29/10/2018 12h36

O governador eleito do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), disse nesta segunda-feira (29) que sua prioridade no governo será a geração de emprego, com a atração de empresas e investimentos para o Estado, e afirmou que os trabalhos de transição começam na quarta-feira (31) no Palácio Guanabara.

Ele foi à Central do Brasil nesta manhã agradecer a eleitores e, durante entrevista a repórteres, foi confrontado mais uma vez com a placa em homenagem à vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada em março. Placa semelhante foi destruída pelo então candidato a deputado estadual (eleito) Rodrigo Amorim (PSL), em ato de sua campanha.

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Witzel falava com jornalistas quando um homem levantou a placa (após a destruição da original, que havia sido colocada na Cinelândia em tributo à memória de Marielle, novas foram fabricadas). Seguranças tentaram contê-lo, mas ele insistiu. A entrevista seguiu.

No domingo (28) na primeira entrevista após a vitória, o governador eleito estava ladeado por Amorim. Ele foi o mais votado do Rio. No começo de outubro, seu gesto violento de rasgar a placa gerou controvérsia na campanha de Witzel - ele estava a seu lado num comício quando Amorim a exibiu, em dois pedaços. Questionado à época, Witzel minimizou a questão e disse não ser favorável à destruição.

Na entrada de um debate televisivo, o mesmo homem que nesta segunda-feira esteve na Central já havia levado a placa e a exibido na frente de Witzel, que o rechaçou. Na entrevista desta segunda-feira, a presença da placa não foi mencionada por ele.

Ao falar sobre o convívio com a esquerda no Estado, afirmou: "Eu sou governador eleito do Estado do Rio. Vou governar para todos. A maioria governa. A minoria pode expor suas ideias com tolerância. Pode protestar? Pode. Mas tem que ser tolerante".

O eleito continuou: "Na campanha, em momento algum eu alterei meu tom de voz para ser ouvido. Quem se sentir prejudicado tem que falar. Nosso governo será aberto ao diálogo. A Central do Brasil será um grande ponto para ouvir a população. Não podemos ficar encastelados em palácio. Se dependesse de mim, colocava uma banquinha aqui e ficava ouvindo as pessoas".

A assessoria de imprensa de Witzel informou que "as pessoas que tentaram retirar a placa não fazem parte da equipe de seguranças do governador eleito" e que "no debate da Band, o próprio Witzel foi conversar com o ativista que segurava a placa para prestar solidariedade".

O comunicado diz ainda que "o governador eleito condena a atitude dos seguranças e reafirma que já declarou outras vezes: que lamenta a morte de Marielle Franco e de qualquer ser humano em circunstâncias criminosas e que as investigações do homicídio devem ser conduzidas com rigor, dando respostas efetivas à sociedade."

Transição

Witzel chegou à Central de metrô. Justificou dizendo que sempre andou de metrô e que o fez depois de eleito para "mostrar para as pessoas que a gente é do povo". "O povo tem que sentir que sou igual a todo mundo. É assim que a gente vai ser. Trabalhar ouvindo o povo. Vamos colocar um quiosque aqui na Central", declarou. Ele agradeceu ao governador Luiz Fernando Pezão (MDB) por ceder um espaço no Palácio Guanabara para os trabalhos de transição.

Afirmou que tem "pesadelo" pensando na geração de emprego. "É o grande desafio. Não depende só de mim, preciso convencer empresários, fundos de investimento. O resto a gente vai fazer normalmente. Já temos um caminho, propostas de investimentos. Temos vários espaços já prontos para receber indústrias. A prioridade é atrair empresas, retomar obras de infraestrutura, a construção civil. Isso vai aquecer o mercado, trazer empresas para o Porto Maravilha, para tirá-lo da falência", declarou.

Ele salientou a necessidade de fomentar o turismo. "O Rio vai ser um hub de tecnologia, assim como foi feito em Medellín (Colômbia). O centro da cidade tem que ser polo de cultura. Queremos chegar a 2022 com quatro milhões de turistas". Witzel afirmou também que espera agenda com o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) para debater o regime de recuperação fiscal do Estado, que ele quer renegociar.

Sobre o secretariado, reafirmou que suas escolhas não serão políticas, e sim, técnicas. "A gente vai olhar currículo, as posturas, o que a pessoa já falou a respeito do tema, para que a gente não seja surpreendido com declarações. A minha preocupação foi primeiro ter alguém com muita experiência na área de Previdência, que será o Sergio Aureliano. Agora é com a Fazenda e Planejamento".