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Indicação de Eduardo à embaixada dos EUA tem resistência em comissão

Ueslei Marcelino - 28.mar.2019 /Reuters
Imagem: Ueslei Marcelino - 28.mar.2019 /Reuters

Bruno Moura, Rebeca Ramos e Renato Onofre

Em Brasília

13/07/2019 11h00

O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) deve enfrentar resistência para assumir a embaixada de Washington caso sua indicação seja confirmada pelo pai, o presidente Jair Bolsonaro. Dos atuais 17 integrantes da Comissão de Relações Exteriores do Senado - responsável por analisar o nome -, seis disseram ao Estado ser contrários, outros sete afirmaram ser favoráveis, três preferiram não comentar e apenas um não se manifestou, a senadora Renilde Bulhões (PROS-AL).

Para ter sua nomeação como embaixador confirmada, Eduardo deverá passar por uma sabatina na comissão e, em seguida, ser submetido a uma votação secreta. Depois, é a vez de o plenário do Senado dizer se aceita ou não o escolhido pelo presidente. Ele precisará do voto favorável da maioria dos 81 senadores - também em votação secreta.

Conforme registros da Comissão de Relações Exteriores, apenas uma indicação presidencial para embaixador foi rejeitada ao longo da história. Em 2015, a então presidente Dilma Rousseff enviou o nome de Guilherme Patriota, irmão do ex-chanceler Antônio Patriota, para a vaga de embaixador do Brasil na Organização dos Estados Americanos (OEA), mas ele não teve aval da maioria dos senadores.

O Estado apurou que o irmão mais velho de Eduardo, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), entrou em contato com colegas para medir a "temperatura" do Senado em relação à indicação. Flávio não faz parte da Comissão de Relações Exteriores. Os partidos, porém, podem trocar os nomes dos integrantes a qualquer momento.

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O principal argumento dos que rejeitam a indicação é a falta de experiência de Eduardo. Segundo parlamentares, o filho "03" de Bolsonaro não tem o perfil adequado para assumir a embaixada americana, considerada a mais representativa do País no exterior. "Para assumir a embaixada de Washington precisa de muitos outros atributos, como no mínimo 30 anos de carreira e não apenas falar bem o inglês", disse o senador Marcos do Val (Cidadania-ES), vice-presidente da comissão.

Senadores afirmaram ainda que a confirmação do nome do filho daria ao presidente a sinalização que ele poderia "fazer o que quiser". "Às vezes, parece que Bolsonaro brinca de ser presidente e isso é muito sério", disse Mara Gabrilli (PSDB-SP).

Outros, porém, alegaram que o fato de ser filho do presidente pode representar uma vantagem para Eduardo no cargo. "O tratamento será bem diferente do que seria dado a qualquer outro embaixador", declarou Romário (Podemos-RJ).

Ressalvas

Mesmo parlamentares que declaram apoio fizeram ressalvas à indicação. "Não seria adequado, mas não é ilegal", disse o senador Mecias de Jesus (PRB-RR), representante do seu partido na Comissão de Relações Exteriores. "Se fosse eu o presidente da República não convocaria meu filho, mas, se ele convocou, deve ser porque o rapaz tem condições", afirmou Zequinha Marinho (PSC-PA), integrante do colegiado.

Presidente da comissão, o senador Nelsinho Trad (PSD-MS) disse que vai trabalhar para que a indicação seja aprovada em até 60 dias. Antes, porém, precisará limpar a pauta e analisar as indicações de quatro embaixadores que estão na fila: Romênia, Hungria, Cingapura e Malásia.

Trad se reuniu ontem com o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, para tratar do assunto. "O Eduardo não chegou onde chegou só pelo sobrenome. Ele tem as virtudes dele também", disse o senador. "Vou votar a favor e vou ajudar para que o nome dele passe."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.