Topo

Esse conteúdo é antigo

Tomada de Monte Castelo, ápice do Brasil na 2ª Guerra Mundial, faz 75 anos

O filho de alemães Gerd Emil Brunckhorst (de farda), que serviu o Exército Brasileiro na campanha da Italia, durante a Segunda Guerra Mundial - Tuca Vieira / Folhapress
O filho de alemães Gerd Emil Brunckhorst (de farda), que serviu o Exército Brasileiro na campanha da Italia, durante a Segunda Guerra Mundial Imagem: Tuca Vieira / Folhapress

Marcelo Godoy

São Paulo

23/02/2020 16h00

A ordem era capturar a crista que corre do Monte Belvedere para noroeste, inclusive Monte Castelo, a fim de impedir que o inimigo mantivesse sob sua vista a estrada 64, que ligava a cidade de Pistoia a Porretta Terme e Bolonha, na Itália de Mussolini.

Foi praticamente nessas poucas linhas que a instrução de operações n.º 71, de 26 de novembro de 1944, inaugurava a saga que se tornaria símbolo da ação da Força Expedicionária Brasileira (FEB): a campanha para a tomada de Monte Castelo, conquistado pelos soldados brasileiros há 75 anos.

A instrução era do comando do IV Corpo de Exército americano, e foi enviada ao general Mascarenhas de Moraes, comandante da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária.

O primeiro ataque ao monte reuniu três batalhões de infantaria brasileiros, três grupos de artilharia e três pelotões de carros de combate norte-americanos. Os brasileiros avançaram no dia 29 de novembro, um dia depois de os alemães terem expulsado as tropas norte-americanas que haviam tomado o Monte Belvedere.

O ataque fracassou. As baixas chegaram a 190 entre os combatentes.

NATAL, RN, 30.11.2019: Fundação Rampa guarda uma das maiores coleções de objetos, imagens e artefatos relacionados ao periodo da Segunda Guerra Mundial em Natal. A capital potiguar recebeu uma base militar dos Estados Unidos por ter uma posição geográfica estratégica - Raul Spinassé-30.nov.2019/Folhapress - Raul Spinassé-30.nov.2019/Folhapress
Fundação Rampa, em Natal, guarda uma grande coleção de objetos, imagens e artefatos relacionados à Segunda Guerra Mundial
Imagem: Raul Spinassé-30.nov.2019/Folhapress

Seria preciso outro ataque — em 12 de dezembro, que parou na reação alemã em meio ao nevoeiro e ao imenso lamaçal que se formara com as chuvas — para que o comando da FEB chegasse à conclusão de que as elevações só poderiam ser tomadas por meio da ação combinada de duas divisões. O comando do 5.º Exército americano, ao qual o IV Corpo com a FEB estavam subordinados, concordou com o novo plano.

A ofensiva só foi retomada em fevereiro de 1945. "Se prepara que amanhã nós vamos tomar Monte Castelo." Foi assim que o soldado Juventino da Silva, veterano da FEB, contou, em vídeo preparado pelo Comando do Exército, como soube que reiniciaria a marcha paralisada em dezembro.

Americanos foram na frente

Era 20 de fevereiro quando a tropa foi informada dos detalhes da nova ofensiva. Na manhã de 21, o 1.º Regimento de Infantaria da FEB partiu às 5h30 para tomar a posição — um dia antes, conforme o plano, a 10.ª Divisão de Montanha dos EUA conquistara Monte Belvedere. O ataque se prolongou durante o dia e a defesa alemã entrou em colapso às 17h20.

O avanço prosseguiu e um grupo de brasileiros sob o comando do tenente Apollo Miguel Rezk tomou La Serra — outra posição da região.

Mesmo ferido, Rezk rechaçou três contra-ataques alemães durante sete horas. "Monte Castelo custou muito caro à FEB: 478 brasileiros tombaram em combate, sendo 103 no último dos três ataques. O supremo sacrifício não fora em vão", escreveu o general Edson Pujol, comandante do Exército, em sua Ordem do Dia sobre a data.

BRASILIA , DF , 11.12.2019 , O presidente Jair Bolsonaro visita seu Carlos, 96 anos, Ex-Combatente da 2ª Guerra Mundial. Crédito Antonio Cruz / Agência Brasil - Antonio Cruz-11.dez.2019/Agência Brasil - Antonio Cruz-11.dez.2019/Agência Brasil
O presidente Jair Bolsonaro visita seu Carlos, 96 anos, ex-combatente da 2ª Guerra Mundial
Imagem: Antonio Cruz-11.dez.2019/Agência Brasil

Com a tomada do monte, não só caía o maciço de cristas, que abria o caminho para Bolonha e para o Vale do Pó, prenunciando o fim da guerra na Itália, mas também a FEB conquistava um dos símbolos — talvez o maior— de sua campanha contra os nazistas e os fascistas na Europa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.