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Fósseis de serpentes da era dos dinossauros são achados em Pres. Prudente

Achados foram registrados no último dia 5 pelo paleontólogo William Roberto Nava, coordenador do Museu de Paleontologia de Marília - William Roberto Nava/Acervo pessoal
Achados foram registrados no último dia 5 pelo paleontólogo William Roberto Nava, coordenador do Museu de Paleontologia de Marília Imagem: William Roberto Nava/Acervo pessoal

José Tomazela

17/08/2020 14h27

Cobras que viveram na época dos dinossauros, há mais de 60 milhões de anos, deixaram ossinhos fossilizados em rochas descobertas em um sítio paleontológico de Presidente Prudente, em SP. Os achados, no Parque dos Girassóis, foram registrados no último dia 5 pelo paleontólogo William Roberto Nava, coordenador do Museu de Paleontologia de Marília, que há anos realiza escavações no local. Os pequenos fósseis ainda serão objeto de descrição científica.

Um dos fósseis é de um esqueleto com cerca de 60 vértebras, muito semelhante ao das serpentes de hoje. Outro, com 40 vértebras, se juntava aos fragmentos de um crânio, com possíveis dentes. Conforme Nava, as estruturas espinhais foram achadas entre fósseis de aves que viveram no período cretáceo, entre 65 milhões e 145 milhões de anos.

Tudo indica, segundo ele, que essas cobras conviviam com dinossauros e aves, podendo terem sido predadoras ou predadas pelos pássaros jurássicos. "Será que as serpentes se alimentavam das aves ou eram o alimento delas? É preciso dar sequência às pesquisas para ter certeza", disse.

Os registros de fósseis de cobras são raros — esse pode ser o terceiro no Brasil. O paleontólogo contou que a pandemia do coronavírus impediu a vinda de pesquisadores de outros países que estudam os fósseis de Presidente Prudente, atrasando as pesquisas.

Em escavações mais recentes, Nava descobriu também fósseis de uma ave que ainda não havia sido registrada na região. O único achado dessa espécie aconteceu há cinco anos no Ceará.

A ave, do grupo enantiornithes, viveu no fim do cretáceo, entre 70 e 80 milhões de anos. "Fósseis de aves pré-históricas são muito raros, por isso a descoberta tem bastante importância", disse. Ele lembrou que, entre 2017 e 2019, paleontólogos haviam encontrado vários ossinhos desses animais alados no Parque dos Girassóis. O achado atual, segundo ele, é de uma nova espécie, ainda a ser descrita.

Os novos fósseis foram levados para o museu de Marília, onde serão submetidos a novos estudos em laboratório. Em razão da pandemia, o museu está fechado para o público. O sítio paleontológico do Parque dos Girassóis foi tombado e protegido com cercas pela prefeitura de Presidente Prudente.