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Lira: expressão 'remédios amargos do Parlamento' não foi direcionada a Bolsonaro

Os presidente da República, Jair Bolsonaro, e da Câmara, Arthur Lira, se abraçam na saída do Palácio do Planalto - Ueslei Marcelino/Reuters
Os presidente da República, Jair Bolsonaro, e da Câmara, Arthur Lira, se abraçam na saída do Palácio do Planalto Imagem: Ueslei Marcelino/Reuters

Cícero Cotrim

São Paulo

03/05/2021 07h48Atualizada em 03/05/2021 11h26

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas-AL), disse ontem que a expressão "remédios amargos do Parlamento", adotada por ele em um discurso há cerca de um mês, não foi um recado ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). À época, as palavras foram interpretadas como um sinal ao mandatário.

"Meu discurso não foi um recado ao presidente da República", disse Lira, em entrevista à Band. "Aquele discurso foi feito porque parlamentares são feitos de carne e osso, todos nós viajamos para os nossos estados toda semana, voltamos para Brasília toda semana, sentimos como está a situação, se a pandemia aumenta, diminui."

O deputado voltou a dizer que a CPI da Covid foi instalada no Senado Federal em momento inoportuno e disse que a comissão não deve ter o efeito de elevar a pressão pelo impeachment de Bolsonaro. Segundo Lira, houve erros na gestão da pandemia por governadores e prefeitos. Ele disse que, até agora, não vê base para um impedimento do mandatário.

"Eu sou discípulo de (Rodrigo) Maia (ex-presidente da Câmara) com relação a isso (impeachment)", declarou Lira. "Maia teve muita responsabilidade, mesmo sendo contrário a Bolsonaro, de nem ventilar essa possibilidade."

Arthur Lira também disse que a reforma administrativa terá mais facilidade para avançar no Congresso Nacional se não tiver efeito retroativo, atingindo os servidores da ativa. Na entrevista, o parlamentar defendeu que o corte não prejudica o efeito do texto.

"Se nós cuidarmos do Estado brasileiro, não permitindo que para a frente continue pesando na arrecadação do setor privado, damos uma demonstração muito clara que o Brasil vai caminhar para responsabilidade fiscal nas contas públicas", disse o deputado.

Lira afirmou ter certeza de que a Câmara vai avançar na reforma administrativa em 2021. Ele defendeu que o texto abarque também a questão de "super salários" nos Três Poderes.

Censo

O presidente da Câmara criticou o corte de recursos no Orçamento de 2021 para o Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). "Como você vai vetar construção de casas? Como vai vetar o Censo? Isso precisa ser reconstruído e será", disse.

Sobre a agenda de privatizações da Câmara dos Deputados, Lira afirmou que a Câmara deve votar a medida de capitalização da Eletrobras ainda em maio. Segundo o parlamentar, a privatização dos Correios deve ser votada entre junho e julho e há votos suficientes na Casa para aprovar a medida.

Lira ainda afirmou que o Brasil tem o código ambiental mais avançado do mundo e que a Câmara pretende trabalhar para que o País retome o protagonismo no tema. Ele também afirmou que a Casa deve instalar nesta semana a comissão da reforma política e que são improváveis mudanças drásticas no modelo atual.