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Após escalada de violência, Barroso manda PF proteger terras indígenas Munduruku

Casa de Maria Leusa, líderança indígena do povo Munduruku, foi incendiada por garimpeiros no Pará - Divulgação/MPF
Casa de Maria Leusa, líderança indígena do povo Munduruku, foi incendiada por garimpeiros no Pará Imagem: Divulgação/MPF

Rayssa Mota

São Paulo

01/06/2021 15h11Atualizada em 01/06/2021 16h12

O ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou hoje que a Polícia Federal adote medidas imediatas para proteção da vida, saúde e segurança das populações que habitam a terra indígena Munduruku, no Pará.

"Dado que se desconhece a situação real na TI Munduruku e que se alega risco à vida e à integridade física dos envolvidos e perigo na demora quanto à providência, determino, ainda, à Polícia Federal, ad cautelam, que adote, de imediato, todas as medidas necessárias a assegurar a vida e a segurança dos que se encontram na TI Munduruku e imediações, deslocando efetivos para a região ou majorando-os se necessário", diz um trecho do despacho.

A ordem foi dada em uma ação movida pela Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) em conjunto com os partidos de oposição Rede Sustentabilidade, PSB, PSOL, PCdoB, PT e PDT cobrando ações do governo federal para conter o contágio e a mortandade por covid-19 entre as comunidades indígenas.

No despacho, o ministro também determinou que o superintendente da Polícia Federal responsável pela operação preste informações sobre a situação da região. Barroso ainda intimou o Ministério Público Federal e o Ministério da Defesa.

Na semana passada, depois que a Apib relatou ao STF ataques a tiros contra indígenas, presença de invasores em suas terras durante a pandemia, desmatamento e garimpo ilegal, Barroso já havia determinado que a União tomasse medidas para proteger as populações das comunidades Yanomami, em Roraima, e Mundukuru.

Após a determinação, uma operação conjunta da Polícia Federal e do Ibama no Sudoeste do Pará desencadeou conflitos entre garimpeiros e comunidades indígenas. Como mostrou o Estadão, as informações sobre a operação vazaram e chegaram antes aos garimpeiros, que se mobilizaram pelo WhatsApp para avisar sobre a ação e esconder máquinas. Apoiados pela prefeitura local, eles também organizaram atos para fechar todo o comércio e queimaram casas de moradores da terra Munduruku.