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Renan classifica negociação com vacina indiana como 'absurda'

Senador Renan Calheiros, durante sessão na CPI da Covid - Jefferson Rudy/Agência Senado
Senador Renan Calheiros, durante sessão na CPI da Covid Imagem: Jefferson Rudy/Agência Senado

Daniel Weterman

Brasília

22/06/2021 14h09

O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), classificou como "absurda" a negociação do governo do presidente Jair Bolsonaro para compra da Covaxin e afirmou que o empresário Francisco Emerson Maximiano, sócio da Precisa Medicamentos, poderá ser alvo de uma condução coercitiva se não comparecer à comissão. O depoimento está marcada para esta quarta-feira, 23.

Conforme o Estadão revelou, documentos do Ministério das Relações Exteriores mostram que o governo comprou a vacina indiana Covaxin por um preço 1.000% maior do que, seis meses antes, era anunciado pela própria fabricante. A compra das doses, produzidas pelo laboratório Bharat Biotech, representado no Brasil pela Precisa Medicamentos, entrou na mira da CPI. A ordem para a aquisição da vacina indiana partiu pessoalmente do presidente Jair Bolsonaro.

"Nós vamos aprofundar, nesta semana teremos um olhar especial para a negociação da Covaxin, que parece absurda sobre qualquer aspecto", disse Renan Calheiros em entrevista a jornalistas no Senado. "Era a vacina mais cara com o mais demorado calendário", destacou o parlamentar. Renan chamou a atenção para o fato de a Covaxin ser a única vacina comprada pelo governo brasileiro por meio de um "atravessador", no caso, a empresa Precisa.

O depoimento do empresário está marcado para esta quarta-feira, 23. Se ele não vier, declarou o relator, a CPI vai adotar as mesmas medidas solicitadas no caso do empresário Carlos Wizard - ou seja, poderá ser alvo de uma condução coercitiva com autorização da Justiça. "A cada dia a Comissão Parlamentar de Inquérito tem mais dúvida sobre o caráter transparente e correto dessa negociação", disse Renan.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.