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Após 29 anos, PF prende condenado por genocídio de indígenas Ianomâmi

Garimpeiro foi preso pela PF e pela PM na noite de ontem - Divulgação/Polícia Federal
Garimpeiro foi preso pela PF e pela PM na noite de ontem Imagem: Divulgação/Polícia Federal

Pepita Ortega

Estadão Conteúdo, São Paulo

06/05/2022 10h58

A Polícia Federal (PF) prendeu na noite de ontem, em Boa Vista (RR), o garimpeiro Eliézio Monteiro Neri, que foi condenado por envolvimento no genocídio de indígenas Ianomâmi conhecido como "Massacre do Haximu" e estava foragido. Segundo a Polícia Federal, Neri foi abordado pela Polícia Militar quando estava em um supermercado. A corporação pediu o apoio para a realização da prisão após receber a informação de que o garimpeiro chegaria na capital de Roraima pela rodoviária.

A chacina ocorreu em 1993, quando garimpeiros que atuavam em região próxima à fronteira com a Venezuela assassinaram 16 Ianomâmis. Entre os mortos havia mulheres, adolescentes crianças e um bebê. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), o massacre chegou ao conhecimento das autoridades em agosto daquele ano, por meio de um bilhete escrito por uma freira que estava em missão na região.

A Procuradoria relata que, no dia 15 de julho daquele ano, sete garimpeiros chamaram seis indígenas para caçar e assassinaram quatro desses. Ainda de acordo com o MPF, em retaliação, os indígenas mataram um dos garimpeiros.

Um mês depois, os garimpeiros invadiram uma área onde estavam integrantes da tribo e então mataram, a tiros e golpes de facão, 12 indígenas - um homem, duas idosas, uma mulher, três adolescentes, quatro crianças e um bebê, registra a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal sobre o caso.

Em outubro daquele ano, a Procuradoria denunciou 24 garimpeiros, sendo que apenas cinco estavam "plenamente identificados" - Pedro Emiliano Garcia, Eliézio Monteiro Neri, Waldinéia Silva Almeira, Juvenal Silva e Wilson Alves dos Santos. A peça imputou ao grupo crimes de genocídio, associação para genocídio, garimpo ilegal, contrabando, ocultação de cadáver, crime de dano e formação de quadrilha.

Em dezembro de 1996, a Justiça Federal em Roraima condenou cinco pessoas: Pedro, Eliézio e Juvenal (que haviam sido identificados antes da apresentação da denúncia) e João Pereira de Morais e Francisco Alves Rodrigues (que foram "identificados plenamente" durante o processo).

O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) chegou a acatar recurso dos réus, levando-os a júri por homicídio. No entanto, em 2000, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) restabeleceu a decisão de primeiro grau e o entendimento sobre o crime de genocídio. Em 2006, o Supremo Tribunal Federal (STF) ratificou tal decisão.