Fazendeiros 'ocupam' invasão do MST para retirar sem-terra na Bahia
A Fazenda Limoeiro é uma das quatro propriedades rurais invadidas na segunda-feira, 27, pelo MST, na primeira onda de ocupações coordenada pelo movimento durante o novo governo do presidente Lula. As outras três, no sul do Estado, pertencem à empresa Suzano e duas delas já tiveram liminares de reintegração de posse concedidas pela Justiça. A família Pires, proprietária da Limoeiro, também entrou com ação de reintegração, mas ainda não houve decisão judicial.
Os proprietários e empregados de fazendas se organizaram em sindicatos rurais da região e se dirigiram à fazenda invadida em um comboio de carros e caminhonetes. Até um ônibus foi mobilizado para o transporte. Com o carro de som, os ruralistas pediram que os sem-terra deixassem a área para evitar um conflito. A PM enviou várias viaturas para o local. Os policiais formaram uma barreira entre os manifestantes e os sem-terra. Parte dos produtores mobilizados na manifestação decidiram permanecer acampados na fazenda. Viaturas da PM também permanecem no local.
De acordo com o dirigente nacional do MST no Estado, Evanildo Costa, para evitar conflito, os sem-terras retiraram os barracos e deixaram o local, mas acamparam em outro ponto da fazenda. Ele disse que o clima continuava tenso na região. O MST alega que a fazenda é improdutiva. Neto dos proprietários, Felipe Pires disse que a propriedade dos seus avós tem forte tradição em pecuária.
Na quarta-feira, 1º, a Federação de Agricultura e Pecuária da Bahia (Faeb) enviou ofício ao secretário de Segurança Pública, Marcelo Werner, pedindo providências com relação à invasão da Limoeiro. Nesta sexta, a federação informou que a intervenção dos produtores rurais em defesa da Fazenda Limoeiro foi pacífica.
Há um clima de desconfiança do setor sobre a garantia de segurança jurídica no campo. As invasões, com dois meses de governo, contrariam o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na campanha. O petista chegou a dizer que o MST não ocupava propriedades produtivas, como são as áreas da Suzano.
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